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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Alta competição... a escolha de uma vida


(crónica de Sofia Loureiro)

Esta semana tive o prazer de conviver durantes umas horas com uma jovem atleta com estatuto de alta competição. Se já antes tinha admiração por todos e todas quantos lutam diariamente por cumprir sonhos e metas em atividades desportivas, mais maravilhada fiquei com as características que pude observar nesta rapariga “tão grande” na sua determinação, força de viver e espírito de sacrifício.

Mesmo para quem trabalha diariamente quer em escolas, universidades, clubes e associações desportivas, seria importante passarem um dia com jovens desportistas com estatuto de alta competição.

Quantas vezes têm a oportunidade de ouvir o entusiasmo de jovens, descreverem um dia da sua vida (que se repete durante semanas, meses e anos) em que só para começar o despertador toca às 5h00 da manhã? Sim, porque os treinos começam às 6h00… Depois de duas a três horas de treino intenso, seguem-se as aulas (neste caso já na universidade). E mais treinos e preparação para competições internacionais e meetings e lesões e tratamentos e cirurgias e desilusões e esperanças renovadas!

A prática desportiva de alto rendimento implica uma escolha difícil principalmente quando falamos de jovens. Estes jovens pelo seu amor e paixão pela modalidade desportiva a que se dedicam, abdicam muitas vezes de aspetos que milhares de outros seus pares assumem como dados adquiridos.

Não há férias escolares como a maioria neste momento em Portugal está a usufruir. Continuam os treinos e as regras e horários. Não se pode comer tudo o que apetece, nem deitar a altas horas da madrugada porque se esteve a jogar computador ou numa qualquer festa por aí. E mesmo quando não se está com o treinador/a… os treinos são feitos noutro sítio e noutro local e tudo registado. Não se pode apanhar banhos de sol indiscriminadamente porque implica no rendimento. E tem que se informar se não pernoita no sítio habitual porque pode ser chamado para controlo de doping.

O que me maravilhou foi perceber que,  a par de tantas restrições e horários rígidos, vive uma intensa vontade de viver e de conquistar a vida. Que cada sacrifício faz parte de um degrau que se firma como alavanca para a formação pessoal e para um desenvolvimento humano mais completo e flexível.

A todas pessoas que por este país fora diariamente decidem escolher este caminho de exigência com tanta determinação e alegria, o meu obrigada. 

Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em  Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto 
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva

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