(crónica de Sofia Loureiro)
Esta semana tive o prazer de
conviver durantes umas horas com uma jovem atleta com estatuto de alta
competição. Se já antes tinha admiração por todos e todas quantos lutam
diariamente por cumprir sonhos e metas em atividades desportivas, mais
maravilhada fiquei com as características que pude observar nesta rapariga “tão
grande” na sua determinação, força de viver e espírito de sacrifício.
Mesmo para quem trabalha
diariamente quer em escolas, universidades, clubes e associações desportivas,
seria importante passarem um dia com jovens desportistas com estatuto de alta
competição.
Quantas vezes têm a oportunidade
de ouvir o entusiasmo de jovens, descreverem um dia da sua vida (que se repete
durante semanas, meses e anos) em que só para começar o despertador toca às
5h00 da manhã? Sim, porque os treinos começam às 6h00… Depois de duas a três
horas de treino intenso, seguem-se as aulas (neste caso já na universidade). E
mais treinos e preparação para competições internacionais e meetings e lesões e
tratamentos e cirurgias e desilusões e esperanças renovadas!
A prática desportiva de alto
rendimento implica uma escolha difícil principalmente quando falamos de jovens.
Estes jovens pelo seu amor e paixão pela modalidade desportiva a que se
dedicam, abdicam muitas vezes de aspetos que milhares de outros seus pares
assumem como dados adquiridos.
Não há férias escolares como a
maioria neste momento em Portugal está a usufruir. Continuam os treinos e as
regras e horários. Não se pode comer tudo o que apetece, nem deitar a altas
horas da madrugada porque se esteve a jogar computador ou numa qualquer festa
por aí. E mesmo quando não se está com o treinador/a… os treinos são feitos
noutro sítio e noutro local e tudo registado. Não se pode apanhar banhos de sol
indiscriminadamente porque implica no rendimento. E tem que se informar se não
pernoita no sítio habitual porque pode ser chamado para controlo de doping.
O que me maravilhou foi perceber
que, a par de tantas restrições e horários
rígidos, vive uma intensa vontade de viver e de conquistar a vida. Que cada
sacrifício faz parte de um degrau que se firma como alavanca para a formação
pessoal e para um desenvolvimento humano mais completo e flexível.
A todas pessoas que por este país
fora diariamente decidem escolher este caminho de exigência com tanta
determinação e alegria, o meu obrigada.
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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