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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Mudar a rota do sedentarismo...


(crónica de Sofia Loureiro)

Foram publicados em março de 2014, os resultados de uma sondagem do Eurobarómetro (http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_412_en.pdf) onde para além de se constatar que cerca de metade da população europeia inquirida não apresenta hábitos de prática desportiva regular, se verifica que no Sul deste continente e nomeadamente em Portugal a taxa de sedentarismo é das maiores, tendo inclusivamente aumentado desde há cinco anos a esta parte.

Se bem que se possa questionar a forma como a prática desportiva é avaliada e considerada neste tipo de sondagens, não deixa de ser relevante, refletir sobre esta questão e acima de tudo, sobre as razões apontadas pelas pessoas inquiridas para não dedicarem algum do seu tempo a qualquer tipo de atividade física. Pelos dados divulgados a maioria indica a falta de tempo e o desinteresse como fundamentação para a sua inatividade/sedentarismo.

Na realidade não é difícil confirmar que a rotina diária de adultos e crianças é excessivamente preenchida com atividades que se realizam sentadas (bastará pensar que grande parte das tarefas profissionais e/ou académicas se fazem a olhar para um ecrã de maior ou menor dimensão). Por outro lado, também não é difícil verificar a olho nu que os horários escolares e de trabalho são cada vez mais extensos e não propriamente ocupados com atividades que promovam atividade motora.

Então e como poderemos nós adultos, jovens e crianças mudar a rota do sedentarismo?

Não podendo a maioria de nós mudar por ação direta leis, normas e calendários de trabalho e/ou escolares, podemos sim controlar a forma como nos posicionamos e agimos perante aquilo que queremos fazer das nossas vidas. Podemos também assumir a responsabilidade de nosso pequeno mundo, sermos uma influência positiva na vida daqueles que mais jovens ou menos jovens nos consideram como modelos, pela vivência prática de quem respeita a saúde, o bem-estar, a conquista de metas individuais e acima de tudo de uma vida com qualidade e que nos dá prazer.

Para chegar a esta responsabilidade individual e coletiva, é importante perceber como se consegue mudar de um estilo sedentário marcado por ritmos de vida stressantes, controlados por tecnologias de informação e comunicação, para um estilo de vida que se distingue dos demais, pela motivação, pela satisfação associada ao controlo da própria rotina, onde entre outras se inscreve a prática regular de atividade física. Este tema de tão rico e variado servirá de mote a reflexões e partilhas futuras. Hoje e aqui deixo-vos com a pequena grande responsabilidade de se perguntarem o que já fizeram hoje para mudar a rota do sedentarismo e o que estão dispostos a fazer para contrariar estatísticas preocupantes para o presente e para o futuro de cada um… E não se muda tudo de uma vez. Começa-se com um passo de cada vez…

Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em  Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto 
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva

1 comentário:

  1. Parabéns, Sofia Loureiro, pela escolha do tema tratado nesta crónica e pelo apelo á mudança de estilos de vida. Lamento ter de acrescentar a minha preocupação pelo facto do governo ter recentemente decidido retirar da média do ensino secundário a classificação da disciplina de Educação Física, o que se traduz num desinvestimento por parte de um número significativo de alunos nesta disciplina e num sinal negativo a toda a sociedade desvalorizando o papel da Educação Física no desenvolvimento harmonioso e integral dos jovens deste país.Talvez por isso algumas escolas estão já a reduzir o tempo curricular consagrado a esta disciplina, muitas vezes o único espaço onde os jovens praticam actividade física, situação que ainda agrava mais um cenário que, conforme se constata, nos coloca ao nível do terceiro mundo. Esperemos por dias melhores...

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