(crónica de Sofia Loureiro)
Foram publicados em março de 2014, os resultados de uma
sondagem do Eurobarómetro (http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_412_en.pdf) onde para além de se constatar que cerca de metade da
população europeia inquirida não apresenta hábitos de prática desportiva
regular, se verifica que no Sul deste continente e nomeadamente em Portugal a
taxa de sedentarismo é das maiores, tendo inclusivamente aumentado desde há cinco
anos a esta parte.
Se bem que se possa questionar a forma como a prática
desportiva é avaliada e considerada neste tipo de sondagens, não deixa de ser
relevante, refletir sobre esta questão e acima de tudo, sobre as razões
apontadas pelas pessoas inquiridas para não dedicarem algum do seu tempo a
qualquer tipo de atividade física. Pelos dados divulgados a maioria indica a
falta de tempo e o desinteresse como fundamentação para a sua
inatividade/sedentarismo.
Na realidade não é difícil confirmar que a rotina diária
de adultos e crianças é excessivamente preenchida com atividades que se
realizam sentadas (bastará pensar que grande parte das tarefas profissionais
e/ou académicas se fazem a olhar para um ecrã de maior ou menor dimensão). Por
outro lado, também não é difícil verificar a olho nu que os horários escolares
e de trabalho são cada vez mais extensos e não propriamente ocupados com
atividades que promovam atividade motora.
Então e como poderemos nós adultos, jovens e crianças
mudar a rota do sedentarismo?
Não podendo a maioria de nós mudar por ação direta leis,
normas e calendários de trabalho e/ou escolares, podemos sim controlar a forma
como nos posicionamos e agimos perante aquilo que queremos fazer das nossas
vidas. Podemos também assumir a responsabilidade de nosso pequeno mundo, sermos
uma influência positiva na vida daqueles que mais jovens ou menos jovens nos
consideram como modelos, pela vivência prática de quem respeita a saúde, o
bem-estar, a conquista de metas individuais e acima de tudo de uma vida com
qualidade e que nos dá prazer.
Para chegar a esta responsabilidade individual e
coletiva, é importante perceber como se consegue mudar de um estilo sedentário
marcado por ritmos de vida stressantes, controlados por tecnologias de
informação e comunicação, para um estilo de vida que se distingue dos demais,
pela motivação, pela satisfação associada ao controlo da própria rotina, onde
entre outras se inscreve a prática regular de atividade física. Este tema de
tão rico e variado servirá de mote a reflexões e partilhas futuras. Hoje e aqui
deixo-vos com a pequena grande responsabilidade de se perguntarem o que já
fizeram hoje para mudar a rota do sedentarismo e o que estão dispostos a fazer
para contrariar estatísticas preocupantes para o presente e para o futuro de
cada um… E não se muda tudo de uma vez. Começa-se com um passo de cada vez…
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
Parabéns, Sofia Loureiro, pela escolha do tema tratado nesta crónica e pelo apelo á mudança de estilos de vida. Lamento ter de acrescentar a minha preocupação pelo facto do governo ter recentemente decidido retirar da média do ensino secundário a classificação da disciplina de Educação Física, o que se traduz num desinvestimento por parte de um número significativo de alunos nesta disciplina e num sinal negativo a toda a sociedade desvalorizando o papel da Educação Física no desenvolvimento harmonioso e integral dos jovens deste país.Talvez por isso algumas escolas estão já a reduzir o tempo curricular consagrado a esta disciplina, muitas vezes o único espaço onde os jovens praticam actividade física, situação que ainda agrava mais um cenário que, conforme se constata, nos coloca ao nível do terceiro mundo. Esperemos por dias melhores...
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