(crónica de Tânia Santo)
As lesões musculares são das mais frequentes no desporto, afectando
praticantes amadores e atletas profissionais.
Frequentemente resultam de um processo de fadiga muscular.
As lesões musculares resultantes de actividades desportivas podem depender
de factores, relacionados com as características individuais e biológicas, e/ou
de factores de relacionados com o meio ambiente (piso, equipamento, condições
climáticas, entre outos).
A distensão muscular é uma lesão indirecta. Resulta de um alongamento
excessivo das fibras musculares para lá da sua capacidade normal de trabalho,
decorrente de ciclos intensos de contracção e relaxamento do músculo envolvido.
Os músculos posteriores e anteriores da coxa, a musculatura interna da
mesma e os gémeos, são os mais susceptíveis a esta lesão, também conhecida por estiramento
muscular.
A classificação das lesões musculares tem variado ao longo do tempo mas, de
um modo geral, baseia-se na gravidade da lesão, ou seja, na quantidade de
tecido afectado e na perda funcional.
Consideram-se 3 graus:
I - onde não existe lesão muscular
apreciável;
II - com lesão muscular e redução na
força muscular;
III - com rotura completa e total perda
de função do músculo afectado.
Sintomas das distensões e roturas musculares
O sintoma mais característico é uma dor
intensa no músculo, seguida de
compromisso da função muscular a ponto de implicar a interrupção da actividade.
Como se referiu, as distensões podem ser classificadas de acordo com as
dimensões da lesão, sendo os sintomas diferentes em cada caso:
Grau I – estiramento/distensão de
uma pequena quantidade de fibras musculares (< 5% do músculo). A dor
ocorre num ponto específico, surge durante a contracção muscular contra uma
resistência e pode estar ausente durante o repouso. O inchaço pode estar
presente, mas, de um modo geral não é evidente. Ocorrem danos estruturais
mínimos, a hemorragia é pequena, a resolução é rápida e a limitação funcional é
leve. Apresenta bom prognóstico e a restauração das fibras é relativamente
rápida.
Grau II – o
número de fibras lesionadas e a gravidade da lesão são maiores ( > 5 e <
50% do músculo), com as mesmas características da lesão de primeiro grau, porém
com maior intensidade. Acompanha-se de dor, moderada hemorragia, processo
inflamatório local mais acentuado e redução da função muscular. A resolução
é mais lenta.
Grau III - ocorre
uma rotura completa do músculo ou de grande parte dele (> 50% do músculo),
resultando numa importante perda da função com presença de um defeito palpável.
A dor pode variar de moderada a muito intensa, provocada pela contracção
muscular passiva. O inchaço e a hemorragia são grandes.
Uma rotura completa é muito rara, sendo as roturas subtotais mais
frequentes.
Diagnóstico dos estiramentos e roturas musculares
O diagnóstico é essencialmente clínico, sendo complementado por meios
complementares de diagnóstico.
Factores de risco
Factores como a fadiga muscular e a presença de lesões prévias devem ser
considerados na prevenção das distensões e roturas musculares.
Existem diversos factores de risco para estas lesões:
Deficiências de flexibilidade,
Desequilíbrios de força entre músculos
de acções opostas (agonistas e antagonistas),
Lesões musculares antigas,
Distúrbios nutricionais e hormonais,
Infecções,
Factores relacionados com o treino,
Má coordenação de movimentos,
Técnica incorrecta,
Sobrecarga e fadiga muscular,
Má postura durante a execução do treino,
Discrepância de comprimento dos membros
inferiores,
Diminuição da amplitude de movimento
e
Insuficiência no aquecimento inicial
antes da prática dos exercícios.
Prevenção das distensões e roturas musculares
As medidas de prevenção são importantes tanto para as crianças como para os
adultos que se envolvem em práticas desportivas. De facto, as crianças
apresentam um risco mais elevado de lesão mas estas lesões tendem a ser mais
graves nos adultos.
Assim o básico, o aquecimento é
crucial em qualquer idade, bem como a utilização de equipamento adequado.
O nível de actividade deve ser
aumentado de forma gradual e todo o corpo deve ser exercitado, o que
permite evitar as lesões musculares e melhorar a resistência, força e
flexibilidade.
Os limites de resistência
individuais devem ser respeitados, sendo perigoso procurar ultrapassá-los.
É importante não praticar desporto quando se está doente ou debilitado.
Tratamento dos estiramentos e roturas musculares
A aplicação de gelo na região afectada em ciclos de 10 minutos, através de
bolsa envolvida por tecido para protecção da pele, e o recurso a uma compressão
do local atingido são importantes medidas de tratamento (PRICE: Protecção,
Repouso, Gelo, Compressão e Elevação). O membro deve permanecer elevado e em
repouso, devendo o período de imobilização ser o mais curto possível de modo a
se evitar a perda de força muscular e de sensibilidade do movimento e evitar
fibroses.
Pode ser associada medicação para controlo da dor e do processo
inflamatório (falar com o seu médico).
Todos estes gestos, que visam a diminuição da dor e o controlo do inchaço,
podem ser aplicados nas primeiras 24-48
horas. Após este período, recorre-se à fisioterapia para ajudar a
regeneração dos tecidos.
Por volta da terceira semana devem iniciar-se os exercícios para
recuperação da força muscular e da amplitude de movimento das articulações envolvidas.
A intervenção cirúrgica é necessária em pacientes com grandes hematomas
intramusculares, lesões ou roturas completas (grau III) e lesões parciais com mais
de metade do músculo.
Fontes:
Familydoctor.org, Dez. 2010
American Orthopaedic Foot & Ankle Society
Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto, 2013
Tiago Lazzaretti Fernandes e col., Lesão muscular - fisiopatologia,
diagnóstico, tratamento e apresentação clínica, Rev Bras Ortop. 2011;46(3):247-55
Murray Heber, Tendinosis vs. Tendonitis
Christina Shatney Tendinosis Vs Tendinitis, The
BodyNewsletter, Family Physical Therapy Services, Inc., 2, 2000
Fernando Fonseca, Lesões tendinosas no desporto, Actualidades terapêuticas;
Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Janeiro de 2011
Nicola Maffulli e col., Types and epidemiology
of tendinopathy, Clin Sports Med 22 (2003) 675– 692
Hans-Wilhelm Mueller-Wohlfahrt e col.,
Terminology and classification of muscle injuries in sport: a consensus
statement, Br J Sports Med, 18 October 2012
Tânia Santo
fisioterapeuta
ACeS Médio Tejo
Prática privada Clinipé
fisioterapeuta
ACeS Médio Tejo
Prática privada Clinipé
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