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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A prevenção e tratamento das lesões no basebol


(crónica de Tânia Santo)


Uma das modalidades desportivas pouco ou nada conhecidas no nosso país.

O basebol é sem dúvida uma prática desportiva e lúdica, associa também uma excelente forma de exercício aeróbico, assim como de melhoria da agilidade e da coordenação motora.

Decorrente da prática do basebol, os jogadores podem apresentar basicamente dois tipos de lesões: as de carácter agudo e as de sobrecarga.

Três quartos das lesões do basebol são resultantes de atitudes de sobrecarga e apenas um quarto tem como causa uma situação traumática aguda a nível dos ombros, cotovelos, punhos, joelhos e pés.

Das lesões agudas, as entorses do tornozelo, são das lesões agudas mais frequentes e sempre responsáveis por períodos mais ou menos prologados de paragem. Muitas vezes com complicações severas nos ligamentos. A fractura por arrancamento da base do 5º metatársico também não é rara.

No joelho, das lesões traumáticas agudas, a luxação e a fractura da rótula e ainda a rotura do ligamento cruzado anterior são as mais comuns.

Se o treino não for adequado, ou seja, batimentos muito agressivos, em excesso, não adequados à sua idade e morfotipo e sem efetuar períodos de repouso, é previsível a curto prazo o desencadear de uma lesão ao nível do ombro ou cotovelo.

Das lesões de sobrecarga, as do ombro normalmente resultam de um défice de condição física, isto é défice da força dos músculos. A sua fadiga ou a perda de força cria instabilidade e consequente irritabilidade dos tecidos, traduzindo-se este compromisso por defesa e dor, particularmente nos movimentos com amplitudes acima da cabeça, como durante o batimento ou o pitching.

No cotovelo a deterioração ou mesmo a rotura do ligamento colateral cubital é a lesão mais frequente nos atletas e é causada quase sempre por excesso de lançamentos pelos pitchers. Uma vez comprometido na sua integridade, a recuperação é difícil.

Das lesões de sobrecarga no punho, a sinovite mecânica rádio-cárpica é bastante frequente e muito limitativa. Do mesmo modo a tenosinovite do extensor do polegar, a conhecida doença de DeQuervain e a tenosinovite dos flexores dos dedos.


COMO TRATAR E PREVENIR?

As lesões agudas pela sua gravidade e pela instantânea limitação que provocam, necessitam de tratamento médico. No entanto um suporte adequado desde o início, até a uma oportuna orientação clínica pode prevenir agravamento das mesmas. Algumas das lesões traumáticas agudas apenas necessitam de tratamento conservador, ou seja procedimentos PRICE (protecção, repouso, gelo, compressão e elevação), mas outras requerem tratamento cirúrgico.

Quanto à prevenção destas lesões e tendo em conta o seu aparecimento súbito, deve respeitar-se as normas gerais e as limitações pontuais da modalidade durante os treinos e jogos e a execução de um programa regular de alongamentos em associação a um treino de força e coordenação para membros superiores e para os inferiores, e assim reduzir as lesões. O uso de tapping ou bandas neuromuscular e/ou o uso de ortóteses por indicação de um especialista, em alguns casos pode prevenir este tipo de lesões.

As lesões de sobrecarga devem ser sempre orientadas por um profissional de saúde, mas deve haver uma redução imediata na intensidade, na duração e na frequência ou potencialmente a paragem de toda a actividade desportiva.

Entretanto e nestas circunstâncias, a utilização de gelo poderá ser recomendada como procedimento para alívio da sintomatologia álgica e para permitir ganho de amplitude articular.

Na generalidade a prevenção das lesões de sobrecarga, necessita fundamentar-se na adaptação adequada do atleta à modalidade. Este é sempre o primeiro procedimento a ter em conta, não só para conseguir um bom desempenho, mas também para prevenir as lesões mais frequentes. A prevenção de qualquer lesão de sobrecarga, deverá apoiar-se num programa de treino adequado e no bom senso por parte do treinador e do atleta.

Assim um treino equilibrado na morfologia do basebolista e uma preparação física adequada, para uma melhoria do fortalecimento e desempenho musculares, da flexibilidade e da proprioceptividade, devem fazer parte da metodologia de treino.

Nas lesões relacionadas com o ombro e cotovelo em particular nas dependentes do ligamento colateral cubital, a prevenção é claramente possível, necessitando apenas que o jovem atleta e principalmente o seu treinador, tenham em conta as seguintes recomendações específicas para o efeito:


Efectuar um aquecimento adequado, com estiramento dos membros superiores, corrida, e lançamentos graduais de modo suave e progressivo;
Efectuar uma rotação nos treinos e jogos, por outras posições para além da de pitcher;
Manter rigor no número de lançamentos adequados à idade de cada atleta;
Não manter actividade de lançamentos, em situação de defesa ou dor no cotovelo;
Não permitir séries de lançamentos em dias consecutivos;
Não possibilitar a prática de treino ou de jogo, durante o ano inteiro;
Possibilitar apenas níveis de desempenho adequados à idade de cada jovem;
Controlar e treinar regularmente o gesto técnico, para cada posição: pitcher, catcher, fielding, batimento;
Estabelecer um número máximo de pitches para cada idade: dos 7 aos 8 – 50; dos 9 aos 10 – 75; dos 11 aos 12 – 85; dos 13 aos 16 – 95; dos 17 aos 18 – 105;
Manter rigor na idade recomendada para a aprendizagem dos vários pitches: fastball – 8 +/- 2; change-up – 10 +/- 3; curveball – 14 +/- 2; knuckball – 15 +/- 3; slider – 16 +/- 2; forkball – 16 +/- 2; screwball – 17 +/- 2.

No basebol como noutras modalidades é importante o atleta aprender a conhecer o seu corpo, de modo a não ultrapassar os seus limites.

Fonte: http://www.stoplesoesnodesporto.com/index.php?module=texts&smodule=list&id=823

Tânia Santo
Fisioterapeuta
Fisioterapeuta nos cuidados de saúde primários desde 2006
Contexto privado fisioterapeuta na Climécis e Clinipé

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