(crónica de Nuno Gil)
É com
grande frequência que somos confrontados com notícias sobre o aumento das taxas
de obesidade em Portugal.
Assim,
levanto com alguma frequência duas questões a mim próprio, que partilho com os
leitores: 1) Porque aumentou as taxas de obesidade?
2) O que podemos fazer para inverter este cenário
epidémico?
Em jeito
de prólogo à explanação da minha resposta às questões anteriores, relembro de
forma resumida que a obesidade é um aumento excessivo do peso, provocado por um
défice positivo entre o consumo calórico e o gasto energético, isto é, o peso
aumenta porque se consome menos do que se ingere.
A
resposta à primeira questão é para mim evidente. A obesidade aumentou por dois
motivos: o consumo de calorias aumentou e simultaneamente o gasto energético
diminuiu.
O
consumo de calorias aumentou, muito fruto de duas situações: utilização duma
alimentação hiper-calórica à base de comidas tipo fast-food, e o
abandono do consumo de alimentos saudáveis. No entanto, sendo este um fator
importante no aumento das taxas de obesidade, não é em minha opinião o
principal, já que considero a diminuição do gasto calórico o mais relevante. A
sociedade tecnológica tornou a sua população sedentária, os tempos livres
aumentaram, mas a maioria das pessoas dedicam-se menos a atividades que
implicam o consumo de energia, preferindo ficar em frente à TV, a navegar na
internet, ou a socializar nas redes sociais, atividades estas que em nada
aumentam os gastos de energia. Tal facto não seria muito grave se também a
tipologia das atividades laborais não tivesse mudado, as novas tecnologias e o
recurso a meios mecânicos e informáticos, facilitaram o trabalho da maioria da
população tornando-o menos físico.
Assim,
se o gasto energético no emprego e nos tempos de lazer é menor e se a
alimentação nos fornece mais energia, temos como resultado, uma população a aumentar o seu peso, com as
consequências nefastas que daí advêm, nomeadamente no que se refere à saúde.
No que
se refere à segunda questão, a resposta ainda é mais simples: melhorar a
alimentação e para isso é necessário tornar acessível e apetecível aos olhos e
à carteira os alimentos mais saudáveis. Não podemos continuar a permitir que
uma peça de fruta seja mais cara do que um bolo, nem que o peixe possa ser mais
caro do que um MacMenu e nas escolas não pode haver mais alunos a comer no bar
do que no refeitório. É necessário reinventar a alimentação.
Mas este
não é o principal fator de tratamento desta epidemia, para mim, numa sociedade
que, actualmente, é excessivamente medicalizada, é necessário recorrer a mais
um medicamento, um medicamento milagroso, um medicamento gratuito, o
medicamento do século XXI, o exercício
físico.
É
urgente que se aumente os níveis gasto calórico e para isso só há uma receita, o
aumento da atividade física, sendo que esta não se resume
apenas à prática desportiva formal, passa muito pelo retorno de execução de
atividades como: a jardinagem; as caminhadas; os passeios familiares a pé aos
jardins e castelos das aldeias e cidades ao fim de semana; a menor utilização
de meios de transporte motorizados preferindo a ida a pé ou de bicicleta; a
utilização das escadas em substituição dos elevadores; fazer os trajetos de
casa para a escola/emprego e da escola/emprego para casa a pé; entre muitas
outras.
Assim,
termino por hoje, com a seguinte mensagem: “Faça atividade física, pela sua
saúde!!!”
Saudações
desportivas e até à próxima crónica.
Nuno Gil
Licenciado em ciências do desporto, pela FCDEF-UC
Mestre em treino do jovem atleta, pela FMH-UTL
Doutorando em ciências do desporto, na FCDEF-UC
Professor de educação física, na escola secundária Dr. Manuel Fernandes
Ex-treinador desportivo
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