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domingo, 12 de julho de 2015

Exercício físico: o medicamento do séc. XXI


(crónica de Nuno Gil)

É com grande frequência que somos confrontados com notícias sobre o aumento das taxas de obesidade em Portugal.

Assim, levanto com alguma frequência duas questões a mim próprio, que partilho com os leitores: 1) Porque aumentou as taxas de obesidade? 2) O que podemos fazer para inverter este cenário epidémico?

Em jeito de prólogo à explanação da minha resposta às questões anteriores, relembro de forma resumida que a obesidade é um aumento excessivo do peso, provocado por um défice positivo entre o consumo calórico e o gasto energético, isto é, o peso aumenta porque se consome menos do que se ingere.

A resposta à primeira questão é para mim evidente. A obesidade aumentou por dois motivos: o consumo de calorias aumentou e simultaneamente o gasto energético diminuiu.

O consumo de calorias aumentou, muito fruto de duas situações: utilização duma alimentação hiper-calórica à base de comidas tipo fast-food, e o abandono do consumo de alimentos saudáveis. No entanto, sendo este um fator importante no aumento das taxas de obesidade, não é em minha opinião o principal, já que considero a diminuição do gasto calórico o mais relevante. A sociedade tecnológica tornou a sua população sedentária, os tempos livres aumentaram, mas a maioria das pessoas dedicam-se menos a atividades que implicam o consumo de energia, preferindo ficar em frente à TV, a navegar na internet, ou a socializar nas redes sociais, atividades estas que em nada aumentam os gastos de energia. Tal facto não seria muito grave se também a tipologia das atividades laborais não tivesse mudado, as novas tecnologias e o recurso a meios mecânicos e informáticos, facilitaram o trabalho da maioria da população tornando-o menos físico.

Assim, se o gasto energético no emprego e nos tempos de lazer é menor e se a alimentação nos fornece mais energia, temos como resultado, uma população a aumentar o seu peso, com as consequências nefastas que daí advêm, nomeadamente no que se refere à saúde.

No que se refere à segunda questão, a resposta ainda é mais simples: melhorar a alimentação e para isso é necessário tornar acessível e apetecível aos olhos e à carteira os alimentos mais saudáveis. Não podemos continuar a permitir que uma peça de fruta seja mais cara do que um bolo, nem que o peixe possa ser mais caro do que um MacMenu e nas escolas não pode haver mais alunos a comer no bar do que no refeitório. É necessário reinventar a alimentação.

Mas este não é o principal fator de tratamento desta epidemia, para mim, numa sociedade que, actualmente, é excessivamente medicalizada, é necessário recorrer a mais um medicamento, um medicamento milagroso, um medicamento gratuito, o medicamento do século XXI, o exercício físico.

É urgente que se aumente os níveis gasto calórico e para isso só há uma receita, o aumento da atividade física, sendo que esta não se resume apenas à prática desportiva formal, passa muito pelo retorno de execução de atividades como: a jardinagem; as caminhadas; os passeios familiares a pé aos jardins e castelos das aldeias e cidades ao fim de semana; a menor utilização de meios de transporte motorizados preferindo a ida a pé ou de bicicleta; a utilização das escadas em substituição dos elevadores; fazer os trajetos de casa para a escola/emprego e da escola/emprego para casa a pé; entre muitas outras.

Assim, termino por hoje, com a seguinte mensagem: “Faça atividade física, pela sua saúde!!!” 

Saudações desportivas e até à próxima crónica.

Nuno Gil
Licenciado em ciências do desporto, pela FCDEF-UC
Mestre em treino do jovem atleta, pela FMH-UTL
Doutorando em ciências do desporto, na FCDEF-UC
Professor de educação física, na escola secundária Dr. Manuel Fernandes
Ex-treinador desportivo

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