(crónica de Célia Dias Lopes)
Uma alimentação saudável e
equilibrada faz parte do tratamento das pessoas com diabetes, em conjunto com a
atividade física e a medicação (antidiabéticos orais ou insulina).
A Diabetes Tipo 1, também conhecida
como Diabetes Insulinodependente é mais rara (a sua forma juvenil não chega a
10% do total) e atinge na maioria das vezes crianças ou jovens, podendo também
aparecer em adultos e até em idosos. Na Diabetes do Tipo 1, as células ß do
pâncreas deixam de produzir insulina pois existe uma destruição maciça destas
células produtoras de insulina. As causas da diabetes tipo 1 não são, ainda,
plenamente conhecidas.
A Diabetes tipo 2 tem como
principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a predisposição
genética.
Na Diabetes tipo 2 existe um
défice de insulina e resistência à insulina, significa
isto que, é necessária uma maior quantidade de insulina para a mesma quantidade
de glicose no sangue. Por isso as pessoas com maior resistência à insulina
podem, numa fase inicial, apresentar valores mais elevados de insulina e
valores de glicose normais. À medida que o tempo passa, o organismo vai tendo maior
dificuldade em compensar este desequilíbrio e os níveis de glicose sobem.
Embora tenha uma forte componente
hereditária, este tipo de diabetes pode ser prevenida controlando os fatores de
risco modificáveis.
Com o passar dos anos, as pessoas
com diabetes podem vir a desenvolver uma série de complicações em vários órgãos
no nosso organismo. Aproximadamente 40% das pessoas com diabetes vêm a ter
complicações tardias da sua doença. Estas complicações evoluem de forma
silenciosa e muitas vezes já estão instaladas quando são detetadas.
Hoje é possível reduzir os seus
danos através de um controlo rigoroso da glicemia, da tensão arterial e das
gorduras no sangue (lípidos), bem como de uma vigilância periódica dos órgãos
mais sensíveis (olho, rim, coração, etc.).
De um modo geral podemos dividir
as complicações em:
Pé diabético - por falta de circulação nos pés forma-se uma ferida
com dificuldade em cicatrizar por falta de oxigenação, podendo causar morte dos
tecidos e necessidade de amputação;
Nefropatia diabética - quando, ao longo de anos, as artérias são
sujeitas e níveis de glicemia elevados, elas começam a ficar danificadas, este
dano é ainda mais grave se coexistir hipertensão arterial. O primeiro sinal da
nefropatia é a existência de pequenas quantidades de uma proteína, chamada
albumina na urina. Em situações mais graves, a nefropatia pode culminar numa
insuficiência renal, isto é, o rim deixa de ser capaz de realizar a sua função
de purificação e é necessário recorrer à hemodiálise para que o sangue seja
purificado.
Hipertensão arterial- doente diabético com tensão arterial elevada,
constitui, ao contrário do que se supunha anteriormente, um maior risco de
complicações cardiovasculares, principalmente de acidente vascular cerebral
(trombose ou hemorragia cerebral).
Disfunção sexual- a diabetes, quer a tipo 1, quer a tipo 2, é a
causa mais frequente de disfunção eréctil. Esta complicação só surge,
habitualmente após mais de 10 anos do diagnóstico e tem uma incidência de 30% a
50% nas pessoas com diabetes mal controladas, o risco aumenta exponencialmente
quando existem outros fatores de risco como a hipertensão ou o tabagismo.
Retinopatia diabética- a retinopatia diabética é uma manifestação
oftalmológica de diabetes, e uma das principais causas de perda grave de visão
a nível mundial.
Uma das estratégias de controlo
da diabetes passa pela prática regular de atividade física, assumindo esta um
papel indispensável no tratamento da diabetes.
O exercício também é eficaz para
prevenir complicações da diabetes, isto porque vai estimular a produção de
insulina e facilitar o seu transporte para as células. Basta controlar os
valores de glicémia antes e depois do exercício físico para perceber os seus
benefícios.
Outras razões para fazer
exercício físico é que melhora a saúde cardiovascular, ativa a circulação,
diminui a tensão arterial, ajuda a perder peso e ajuda a ter uma qualidade de
vida e de um sono melhor.
Quando faz exercício físico está
a estimular o seu pâncreas a produzir insulina e, por outro lado, como está a
exercitar os músculos, eles vão precisar de mais energia, consumindo glicose
impedindo que esta se acumule no sangue e aumente a glicémia.
É importante que cada individuo
saiba a quantidade e intensidade de exercício físico que pode praticar.
Para sentir benefícios com a
atividade física basta que pratique 150 minutos por semana, não sendo benéfico
praticar este tempo todo num só dia, deve repartir este tempo ao longo da
semana. Pode começar com caminhadas diárias de 30 minutos por dia.
É claro que, quando existe uma ou
mais complicações ligadas à doença, os cuidados devem ser redobrados, deverá
passar pela adaptação do tipo de atividade às limitações existentes. Por
exemplo doentes que apresentam pé diabético recomenda-se a realização de exercícios
que não massacrem o pé, a utilização de calçado largo e almofadado e a
utilização de meias sem rugas ou costuras.
Cuidados a ter para evitar a
hipoglicémia
Antes do exercício físico deve
fazer uma refeição ligeira. É importante que não pratique exercício em jejum,
pode também realizar um teste de glicémia antes de iniciar o exercício e depois
do exercício deve fazer outra refeição ligeira.
O investimento de tempo a fazer
exercício físico é importante para gerir a sua doença e evitar as complicações
da diabetes.
Célia Dias Lopes é dietista.
Licenciada em Dietética desde 1997 e pós-graduada em Saúde, Aconselhamento e Tendências de Consumo, ambos pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Sócio-gerente da empresa NutriCuida Consultoria e Nutrição, Lda.
É formadora e consultora na área da nutrição. Autora de inúmeras comunicações em congressos.
Autora do Livro " a e i o u da dieta saudável do doente em hemodiálise".
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.
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