(crónica de Sofia Loureiro)
Desde sempre que se discute a questão da Educação Física e da prática
desportiva no currículo escolar, não só em Portugal mas em vários outros pontos
do mundo. São muitos os que se dedicam a estudar a relação entre a prática
desportiva e o rendimento/aproveitamento, quer através do desporto escolar,
quer da prática de modalidades enquanto atletas federados ou mesmo de alto
rendimento. Muitos dos estudos, por um motivo ou outro (forma como são concebidos,
fatores de género, as próprias modalidades, entre outros) oferecem resultados
diferentes. Uns oferecem resultados positivos entre o rendimento escolar dos/as
alunos/as e a prática de desporto regular, outros referem que a diferença não é
significativa. Mas uma coisa é certa, mal não faz!!! Antes pelo contrário!
Desde as últimas alterações no que respeita aos currículos escolares,
nomeadamente a “brilhante” estratégia de as notas da disciplina de Educação
Física no secundário não terem qualquer peso na média, em nada me parece
favorecer a adoção de estilos de vida saudáveis, da educação para a prática de
exercício físico regular, aspetos fundamentais a promover e discutidos
diariamente em todos os setores desde a saúde à economia.
A
educação física continua a ser vista por muitos/as como uma disciplina paralela,
quase como um anexo (in)dispensável, menos importante para a formação académica
, pessoal e social do que por exemplo, o português ou a matemática. Vejamos,
integra-se como obrigatório o ensino de Inglês desde o 3 º ano, mas a educação
física é acessória! Não que o Inglês não seja relevante, mas será que a
Educação Física o é menos? Dir-me-ão que a Educação Física já integra o 1º
ciclo… Pois! Vejamos… Quantas das nossas crianças do 1º ciclo, têm um dia fixo (já
nem digo mais) no seu horário semanal e que levam um equipamento adequado à
prática da disciplina de educação física?
As vantagens da
prática de Educação Física desde o 1º ciclo não se esgotam na saúde (e só este
fator já era suficiente e mais do que justificativo), mas segundo muitos
autores desde pediatras a especialistas das ciências sociais e da educação,
apontam entre outros, a sua influência na redução do stresse e num humor mais
estável, na melhoria do comportamento das crianças e jovens na sala de aulas,
nos níveis de atenção e concentração, no elevar da motivação, no
desenvolvimento do autoconceito, da autoestima e na aquisição de competências de
socialização e de autogestão, vantajosos para a criança/jovem, para a família,
para a escola e claramente para toda a sociedade. Não serão estes, fatores
suficientes a ter em conta para (re)pensar as políticas públicas de educação e
saúde?
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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