Hoje trazemos à reflexão um assunto importante no nosso quotidiano,
visto que o mesmo está amplamente preenchido com a tecnologia, com a
impessoalidade, com a frieza sentimental, com tantos outros aspectos, por vezes,
um pouco difíceis de serem entendidos. Importa, no âmbito do ensino da música
ou da prática desportiva (num contexto amador), entender, sobretudo ao nível do
público infanto-juvenil, se a existência de pedagogia é ou não um factor
significativo para que a criança ou jovem possa tirar o devido dividendo da
atividade ou modalidade que está a praticar.
Todos nós, que já frequentámos atividades de carácter recreativo, sabemos que as mesmas, numa primeira instância, são apresentadas como uma mera
ocupação do nosso tempo livre, o tão desejado tempo de lazer, o qual se
pretendia salutar, enriquecedor, com um bom espírito de camaradagem. No
entanto, poucos ponderavam sobre o tipo de influência que essas atividades
recreativas podiam exercer ou não na vida dos jovens de então, muito menos se
quem as orientava era dotado de alguma competência para tal. Notem o exemplo: o
maestro necessitava de saber ler música, necessitava de ser conhecedor, de um
modo muito generalizado sobre o funcionamento dos instrumentos que teria à
disposição dos seus músicos, ou seja, teria de ensinar todos; agora notem, será
que o maestro seria obrigado a saber tocar todos os instrumentos? Será que os
músicos, por muito amadores que fossem teriam uma aprendizagem cabal? Será que
os jovens, com o seu vigoroso entusiasmo, iriam tirar proveito desse ensino?
Atenção que estas perguntas não pretendem ser nenhum crítica destrutiva, mas
sim, que as mesmas possam conduzir o leitor a uma reflexão sobre a temática
desta crónica.
Façamos um paralelismo com o desporto, será que qualquer pessoa
(homem ou mulher) poderia ser treinador de uma equipa desportiva, sobretudo nas
camadas jovens (a chamada formação)? Bem sabemos que não será de qualquer
maneira que iremos desenvolver trabalho com as nossas crianças ou os nossos
jovens, pois, se atendermos ao descrito no início da presente crónica, as
crianças são pessoas e estas não são máquinas, têm sentimentos, têm diferentes
personalidades, têm diferentes ambientes sócio-familiares, têm diferentes
experiências vivenciadas, que podem contribuir para o seu desempenho, não só
num contexto extracurricular (como são o caso da música e do desporto), como na
escola, como na sua rotina diária. Daí importa, quem esteja a liderar equipas
ou esteja a desempenhar funções de monitor num contexto formativo (por muito
amador que seja) é muito, muito, muito importante ter em linha de conta os
contextos de vida de cada criança/jovem que tem à sua disposição e não
esquecer esta premissa: uma criança/jovem quando procura uma atividade
extracurricular (conjuntamente com o seu encarregado de educação), vai com a sua
motivação em alta, daí importa alimentar a mesma e não destruí-la. Importa
ainda pensar no seguinte: o que hoje pode ser algo recreativo ou extracurricular,
amanhã poderá ser a profissão da criança/jovem enquanto um futuro cidadão (com
sentimentos, estabelecendo relações interpessoais com outros de forma
construtiva e positiva). Já aconteceu com outros no passado, porque não
ponderarmos se não acontecerá com outros no futuro. Importa não esquecermos que
muitos dos cidadãos de hoje foram alvo de influência de outros que
desempenharam funções de monitores em diversas atividades extracurriculares, no
entanto, um aspeto que raramente seria colocado de lado era o apoio que essas
pessoas (os denominados trabalhadores por amor à camisola) davam na construção
do ser social junto da criança ou jovem. Que assim possa continuar a ser com
todos aqueles que atualmente desenvolvem uma atividade similar.
José Miguel Vitória Rodrigues
Professor, maestro, músico e compositor
Licenciado em Professores do Ensino Básico de Educação Musical, pela Escola Superior de Educação de Leiria
Frequência da Pós – Graduação em direção de orquestra de sopros, no Instituto Jean Piaget, Almada
Licenciatura em Música pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco
Diretor artístico e mentor de PRIMEIRA AULA DE MÚSICA
Licenciado em Professores do Ensino Básico de Educação Musical, pela Escola Superior de Educação de Leiria
Frequência da Pós – Graduação em direção de orquestra de sopros, no Instituto Jean Piaget, Almada
Licenciatura em Música pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco
Diretor artístico e mentor de PRIMEIRA AULA DE MÚSICA
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