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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Disto & Daquilo


(crónica de Nuno Gomes)

No início do mês de Julho fui entrevistado pela Rádio Antena Livre no programa intitulado "Disto & Daquilo", sob a condução, e convite, de Anabela Diogo (A.D.) e José Martinho Gaspar (J.M.G.)

Foram duas horas de conversa e troca de opiniões, onde a emoção, o conhecimento, a partilha de ideias em prol do desporto e do concelho foram temas dominantes. Claro está que a minha vida pessoal e profissional também foi objeto de prosa.

Nesta crónica publico alguns excertos da entrevista, e o link, para os que tiverem interesse em ouvir.


A.D.: Quem é Nuno Gomes e quando sentiu que o Futebol era a sua paixão?
R: Nunca é fácil falarmos de nós, pensamos muito mas nunca é fácil… Nasci em Abrantes em 1980, criado entre o Jardim da República e o antigo campo do Barro Vermelho […] passava mais tempo no Jardim a brincar e a jogar à bola com os meus amigos e talvez daí tenha nascido o gosto pelo desporto e pelo futebol, numa altura em que ainda se subia árvores, comia laranjas, entre outras brincadeiras… Nesse tempo ainda se subia árvores, porque hoje em dia as crianças que sobem árvores já não as descem.

Comecei a prática desportiva com a Natação nas antigas Piscinas Municipais, posteriormente é que enveredei pelo futebol, no Sporting Clube de Abrantes, no ano de 1990.

Mas, de forma mais sintética, para me caracterizar considero que sou alguém que gosta de Desporto, do Concelho de Abrantes e espero continuar, dentro das minhas possibilidades a gostar e a apoiar.

A.D.: Qual a tua música de eleição?
R: Um álbum e uma música! O álbum dos Queen: "Made in Haven" e a música "Por quem não esqueci", do grupo Sétima Legião. Esta está relacionada com momentos de cantorias com os meus amigos Paulo Pires e Márcio, durante as diversas situações em que estamos a celebrar a amizade.

J.M.G: Um livro que te marcou?
R: “Filosofia do Futebol”, do Professor Manuel Sérgio.

J.M.G.: Diferenças entre o concelho de Abrantes, nos anos 90, onde ainda se brincava na rua para os tempos atuais?
R: A minha geração talvez tenha sido das últimas a ter essa “liberdade” e interesse […] Brincar na rua durante o dia inteiro, sem preocupações de maior […]. Hoje é quase impossível isso acontecer, fatores que determinaram isso poderão estar relacionados com os valores da atual sociedade, as primazias na escolha da forma como se brinca. Uma criança hoje em dia prefere a consola, o computador ou a televisão, em detrimento das brincadeiras na rua ou com os amigos.

A.D.: De que forma a falta de futebol de rua tem limitado a evolução do jovem atleta?
R: O primeiro conceito que emerge quando falamos sobre futebol de rua é jogar futebol na rua mas, considero, que seja mais amplo do que isso. É o futebol sem regras, a brincadeira, os remates, as quedas, os golos, a pura satisfação… Felizmente, apesar da drástica diminuição, ainda não somos o País com a menor percentagem de crianças a escolher prática física o futebol de rua, mas entroncando numa resposta anterior, penso que a sociedade atual também potencia essa diminuição.

A.D.: Na formação deverá ter-se uma componente mais ligada à evolução ou à vertente competitiva?
R: Evolução desportiva, obviamente! Os resultados são o que menos interessa. Quando comecei a treinar um dos meus objetivos pessoais, enquanto treinador, era o de completar um ciclo com os jovens atletas onde houvesse o menor número de desistências possível. Penso que consegui!


J.M.G.: O teu irmão, o Paulinho, chegou durante a formação a um patamar elevado. Jogou no Sporting Clube de Portugal, mas o concelho nunca teve um atleta que tivesse singrado ao mais alto nível. Qual ou quais os motivos?
R: Tivemos recentemente um jogador que jogou na primeira Liga, o Marco Cadete. No passado e relacionados com a formação tivemos o Zeca Canavilhas, Luís Nuno (Kunga), o Dias, Tó Santos […].

Como está a conjuntura do nosso futebol concelhio, dificilmente conseguiremos juntar à qualidade ainda existente, a vertente competitiva passível de formar atletas para a alta competição.


A.D.: Como se proporcionou a tua ida para a China?
R: Em conversa, o meu amigo Jorge Heleno informou-me que a Associação Nacional de Treinadores de Futebol estava a requisitar treinadores para a Academia do Figo. Tal como em outras situações enviei o meu currículo e, em menos de duas semanas, fui contactado telefonicamente pelo diretor do Projeto: Joaquim Rolão Preto. Entre outras coisas, e estando eu ainda de férias no dia 26 de Agosto, informou-me que para fazer parte do projeto teria de viajar no dia 1 de Setembro para Pequim. Aceitei e começou aí uma aventura entusiasmante…

J.M.G: Como caraterizas o sistema Vídeo Árbitro?
R: Enquanto não se corrigir alguns aspetos, penso que venha a trazer mais problemas, do que vantagens, ao futebol. Culturalmente não estamos preparados para aceitar, mesmo que seja a verdade desportiva, se for contra o nosso clube. O tempo de paragem entre a análise ainda é demasiado, a expetativa que gera nos jogadores, porque não sabem se o golo será válido ou não, tira emoção ao jogo.

Durante esta entrevista fiz várias vezes menção a alguém por quem tenho um respeito e admirações enormes: Sr.º Virgílio Rapazote!

Foi com bastante consternação, e tendo acompanhado o seu estado de saúde nos últimos meses, que fui informado do seu falecimento.

Foi, somente, a pessoa mais importante no meu desenvolvimento desportivo, foi Presidente do meu clube, o Sport Abrantes e Benfica (S.A.B.) durante quase 3 décadas, foi um grande suporte para a minha geração e anteriores. A sua forma peculiar de ser cativava uns, criava crispação noutros, mas algo foi comum a todos os que com ele privaram: Reconhecimento!

Sei que o S.A.B. saberá reconhecer a tua importância e empenho.

Reconhecimento pelos conhecimentos demonstrados, reconhecimento pelo que deu ao concelho de Abrantes, ao Desporto e ao clube, reconhecimento por alguém que com a sua dedicação fazia de Presidente, Condutor, Diretor, Roupeiro e Conselheiro... tudo numa só pessoa. Eras e sempre serás enorme!

Por isso e muito mais…em meu nome e de todos os que contigo privaram
Obrigado, Vergi!


Foto referente à III Edição do torneio Virgílio Rapazote organizado pelo S.A.B.

http://www.antenalivre.pt/podcast/disto-daquilo-com-nuno-gomes-ouca-aqui

Nuno Gomes 
Licenciado em Ciências do Desporto - Motricidade Humana; pelo ISEIT-Piaget
Mestrando em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário; ISEIT-Piaget
Treinador de Futebol na Academia Winning League Luis Figo - China
Pós Graduação - Direcção Técnica em Futebol - Universidade Lusófona

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