(crónica de Tânia Santo)
A remada no caiaque é realizada por um remo de
duas pás, onde o atleta rema dos dois lados do caiaque, simetricamente. É
considerado um movimento basicamente repetitivo, por um longo período de tempo.
As lesões nos membros superiores/braços,
principalmente, na região do ombro são as mais frequentes no grupo pesquisado
por Hensel p. em 2006 com a selecção brasileira de canoagem. Considerando que a
canoagem tem como característica um movimento repetitivo e prolongado, além da
ausência de impacto, a etiologia foi consequentemente de origem atraumática. A
contratura muscular foi o tipo de lesão mais frequentemente diagnosticada.
As lesões de ombro são extremamente comuns
entre os atletas de canoagem. Os movimentos repetidos e constantes das remadas
causam lesões por sobrecarga, como tendinopatias, lesões labrais e síndrome de
impacto sub-acromial. Problemas mais graves, como as luxações de ombro
representam até 6% das lesões. Desta forma, trabalhos preventivos direccionados
aos tendões do ombro, musculatura escapular e paravertebral são essenciais para
atletas (amadores e profissionais) de canoagem. A federação portuguesa de
canoagem disponibiliza pdf com exercícios de prevenção.
A prevenção das lesões tem um papel muito
importante em todo o processo de treino desportivo dos canoístas de alto nível,
para reduzir a presença e minimizar a intensidade das lesões, incrementando e
melhorando o rendimento do atleta, evitando, dessa forma, a perda de dias de
treino.
Tendo em conta aos anos de treino
em canoagem: 36,7% dos homens e 44,1% das mulheres têm de 2 a 5 anos de prática
desportiva. Tanto os homens quanto as mulheres realizam mais de cinco sessões
de treino semanal (74,8% e 54,4%, respectivamente). Quanto à duração das
sessões de treino, os homens e as mulheres situam-se entre uma hora e meia a
duas horas (43,4% e 38,2%, respectivamente).
Tendo-se em conta o momento da
produção das lesões, observou-se que existiram diferenças entre os homens e as
mulheres, já que, em 51,4% dos homens, produziram-se as lesões após o termino do treino, enquanto que, em 50%
das mulheres, as lesões foram produzidas dentro das sessões de treino.
No período de preparação específica de base
(17-19 anos), encontraram-se diferenças significativas no aparecimento das
lesões, com relação à duração das sessões de treino, tendo apresentado mais
lesões os atletas cujo treino tinha uma duração superior a duas horas.
Similares resultados foram encontrados nos atletas maiores de 25 anos, no qual
os canoístas que treinavam mais de duas horas em cada sessão de treino tiveram
maior prevalencia de lesões.
Em relação às variáveis “anos de
prática desportiva” e “número de sessões de treino semanal”, não foram
encontradas diferenças significativas. Quando se relaciona o número de horas
diárias dedicadas a dormir com o aparecimento de lesões, encontram-se
diferenças significativas no período de preparação de base. Nesse grupo, os que
dormiam diariamente entre 6 e 7 horas apresentaram maior número de lesões em
relação aos que dormiam mais horas.
Baseando-se nos fatores da
tipologia e zona das lesões, 29,3% das lesões musculares localizaram-se na zona lombar, enquanto que
78,3% das tendinopatias foram produzidas nos ombros. Em relação à tipologia das lesões, as mais
frequentes foram do tipo tendinosa.
Considerando-se
a gravidade das lesões, 53,9% das lesões eram de tipologia leve, ocasionando a
interrupção do treino em, pelo menos, um dia. O surgimento desse elevado número
de lesões leves deve-se, principalmente, ao fato de a canoagem ser um desporto
no qual não existe impacto direto nem contato físico com adversários que
provoquem outros tipos de lesões mais graves (fraturas, entorses ou outras),
posto que as lesões predominantes têm origem principal no uso articular
exagerado. Diversos estudos recomendam atividades de fortalecimento da coifa de
rotadores do ombro, para compensar os desequilíbrios de força. Ao considerar-se
o momento da lesão, temos que esta aparece ao fim do treino em 51,4% dos homens
e durante o período de treino em 50% das mulheres.
Dalton (1992) destaca que as
lesões decorrentes de excesso de uso são muito comuns em atletas adolescentes.
Nesta pesquisa, encontramos dados similares, já que 50% dos homens e 53,6% das
mulheres lesionados pertenciam à etapa de preparação de base (14-16 anos).
Emery, Meeuwisse e Hartmann (2005) estabeleceram que esses tipos de lesões
podem dever-se ao facto de a estrutura músculo esquelética dos atletas ainda
não estar totalmente desenvolvida nessas etapas, sendo que as rotinas
necessárias para a melhoria da performance
e a sobrecarga apresentem uma vulnerabilidade acrescida ao surgimento de
lesões. Porém, as lesões também podem ser resultado de uma falha ou má execução
em um determinado gesto técnico. Além disso, podem ser causadas pela falta de preparação física,
capacidade músculo-esquelética e
atenção do atleta, ou então pela ocorrência de um percalço relacionado com o
desenvolvimento da atividade desportiva.
Como nas restantes modalidades
desportivas um treino bem estruturado permite evitar lesões nos atletas e
consequentes períodos de afastamento para recuperação e/ou até mesmo abandono
da prática. Considerando-se a tipologia das lesões encontradas, indica-se a
implantação de programas específicos de prevenção de lesões nas regiões do
ombro e lombar, acompanhados de pausas de descansos adequados, a fim de
facilitar e propiciar a adequada recuperação dos atletas, sugere-se a consulta
do site da federação portuguesa de canoagem.
Fontes:
Epidemiologia e etiologia das
lesões em canoístas de alto nível Article in Revista da Educação
Física/UEM · August 2015
LESÕES
DESPORTIVAS NA CANOAGEM VELOCIDADE Hensel P.1, Perroni M.G.2, Stedile N.R.A.3,
Koslowski A.A. 4,Leal F.P.P.5, Oliveira M.F.6, Leal Junior E.C.P.7
Tânia Santo
Fisioterapeuta
Licenciada em Fisioterapia em 2005
Fisioterapeuta nos cuidados de saúde primários desde 2006
Contexto privado - fisioterapeuta na Clinipé
Licenciada em Fisioterapia em 2005
Fisioterapeuta nos cuidados de saúde primários desde 2006
Contexto privado - fisioterapeuta na Clinipé
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