(crónica de Célia Dias Lopes)
“Estilo de Vida" é um
conceito amplo que inclui a pessoa como um todo, apresentando muitos aspetos.
Esses mesmos aspetos combinam-se para influenciar a saúde individual em todos
os domínios: Físico, Mental, Espiritual e Social.
A forma como cada pessoa gere a
sua própria saúde ao longo da vida, através de opções individuais expressas no
que poderemos entender como estilo de vida, constitui uma questão fulcral na génese
da saúde individual e coletiva. Neste contexto, e tendo em consideração que a
saúde é o estado de bem-estar físico, mental e social que implica ausência de
doença, é importante que a população vise não apenas aumentar a sua esperança
de vida como também a qualidade da mesma.
Muitos problemas de saúde da
meia-idade e da velhice resultam da forma como a pessoa viveu ao longo dos
anos. Maus hábitos alimentares, a ingestão de álcool em excesso, o hábito de
fumar e o sedentarismo, podem ter consequências como diabetes, doenças do
coração e outras doenças crónicas. A possibilidade de viver e gozar de boa
saúde por mais anos é maior se a pessoa criar hábitos saudáveis.
Somos seres de hábitos aprendidos
(a maioria daquilo que nos faz ser quem somos é aprendido!) e, como tal,
educam-nos e educamo-nos para aderir com grande facilidade às inúmeras
situações de conforto que abundam na nossa sociedade.
Gostamos de estar
confortavelmente sentados (e isso pode ser merecido e perfeitamente
justificado) como podemos gostar de alimentos muito agradáveis mesmo que sejam
completamente artificiais e carregados de aditivos (que provocam dependência).
É óbvio que, nestas coisas, a
quantidade conta mas isso leva a que, muitas vezes, facilitemos a repetição dos
erros (com desculpas ao estilo de “uma só vez não faz mal” e que servem apenas
para apaziguar ou enganar a consciência!).
Há pessoas que fazem isso durante
anos, ao ponto da sua vida e o seu aspeto mudarem: engordam, desenvolvem
doenças, deformam-se, tornam-se mais lentos e envelhecem mais rapidamente. A
esse conforto podem chamar-lhe bem-estar (apenas porque se sentem bem) mas
estão errados.
O verdadeiro bem-estar tem a ver
com a saúde. E todo o conforto que atente contra a saúde não é bem-estar. Para
que o conforto faça parte do nosso bem-estar temos de ver as coisas de forma
mais racional colocando a saúde em primeiro lugar (e não fazer disso um jogo de
lotaria, confiando na sorte).
Crie uma relação boa com a comida
mais saudável e nutra o seu organismo com alimentos saudáveis.
É certo e sabido que a comida
processada e refinada pode provocar-lhe uma euforia momentânea, no entanto,
quando ingerida em excesso, provoca desconforto, doenças, desespero, vergonha e
autodesprezo.
Os alimentos como frutas,
hortaliças, nozes e cereais integrais restabelecem o corpo, revitalizam a
mente, fornecem-nos energia, tornam-nos mais bonitos, abrandam o processo de
envelhecimento, fazem-nos sentir melhor com nós mesmos, e assim que as nossas
papilas gustativas recuperarem o funcionamento normal, sabem ainda melhor que
os outros.
Algo muito importante é o ambiente
em que são feitas as suas refeições, sejam elas um lanche ou um almoço.
Acredite é tão importante quanto a comida em si.
O Stress é sem dúvida, uma das
principais causas que nos levam a comer em demasia. As escolhas alimentares
quando estamos stressados também são diferentes, usualmente sob stress, o
individuo tende a ingerir comida rica em açúcar e gordura.
Se o seu estilo de saúde é
importante para si, a atividade física é uma exigência.
Já ouvi milhares de desculpas
para não praticar exercício físico, “não tenho tempo”, “não gosto”, “não tenho
dinheiro para ir para o ginásio”. É fácil arranjar desculpas.
A boa forma não tem que começar
no ginásio. Gosta de escaladas? Adora dançar?
O segredo de ser consistente é
tornar o exercício tão conveniente/ fácil/ fabuloso que não o fazer seria uma
parvoíce.
Caminhe, dance, pratique ioga,
pilates… mas faça.
Descanse entre 7 a 8 horas por
dia.
Não coma nada 3 horas antes de ir
para a cama.
Não deixe para mais tarde a
vigilância da sua saúde. Invista, melhorando o seu presente e futuro.
De longe, a parte mais difícil é
começar, libertar-se das garras dos hábitos que o convenceram de que comprar
legumes, preparar o jantar ou subir aquele lance extra de escadas é
impossivelmente difícil, hábitos que o fazem pensar que precisa de uma força de
vontade e determinação sobre-humana para parar de comer a taça de doce à noite
no sofá a ver televisão.
Pode transformar esses maus
hábitos em bons hábitos que trabalhem a seu favor e não contra si. Transformar
a alimentação saudável de um castigo em algo que adora.
Célia Dias Lopes é dietista.
Licenciada em Dietética desde 1997 e pós-graduada em Saúde, Aconselhamento e Tendências de Consumo, ambos pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Sócio-gerente da empresa NutriCuida Consultoria e Nutrição, Lda.
É formadora e consultora na área da nutrição. Autora de inúmeras comunicações em congressos.
Autora do Livro " a e i o u da dieta saudável do doente em hemodiálise".
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.
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