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domingo, 19 de abril de 2015

Treinador: Significado da Vitória


(crónica de Nuno Gil)

Então de acordo com o que escrevi em crónicas anteriores, se a vitória é secundária devemos perder e não incentivar os nossos jovens atletas a vencerem os jogos que disputam?

A resposta, na minha opinião, é não. Pois tal como disse Novak citado por (Martens, 2002), praticar desporto sem se esforçar para vencer é o mesmo que dizer que somos uns competidores desonestos. O treinador deve isso sim, dentro das capacidades dos seus atletas e de acordo com o nível maturacional destes, procurar incentivá-los para que se esforcem ao máximo, dentro dos limites legais do jogo, para conseguirem uma boa prestação desportiva, e se essa prestação resultar em vitórias melhor, mas nunca ver a vitória na competição como o único fator de sucesso.

O treinador infanto-juvenil não deverá querer vencer a todo o custo, mas contudo deverá incentivar o desejo e o gosto pelas vitórias (Pacheco, 2001). Lutar para vencer é fundamental para que haja prazer e satisfação na competição (Martens, Chirstiana, Harvey, & Sharkey, 2000) embora, como já foi referido, a vitória não queira dizer ter feito mais pontos ou golos que a outra equipa, muitas vezes a  vitória pode significar ter realizado por exemplo uma determinada ação técnico-táctica um determinado número de vezes durante um jogo, ou simplesmente ter corrigido uma ação táctica-técnica durante uma competição, conforme o treinado durante a semana.

Se como diz Pacheco (2001) “quem joga mal, pode ganhar esporadicamente, mas a maior parte das vezes, ganhará aquele que jogar melhor”, é possível afirmar que quem ensinar bem terá uma equipa que à partida jogará bem e consequentemente, uma equipa que estará mais perto de obter vitórias na competição.

Reforçando a ideia que no desporto de jovens a vitória não é fundamental, Kemp (2000), citando Scott (1976) refere que “o sucesso nas competições dos mais jovens não significa sucesso no desporto. Ganhar nessa altura uma prova ou um jogo, só terá algum valor na medida em que isso puder traduzir a qualidade das experiências vividas pela criança durante o caminho que ele percorreu até atingir essa vitória”, reforçando assim que a vitória só é vitória se for à custa de um trabalho correto por parte de quem conduz esses jovens e não há custa de sacrifícios excessivos destes e muito menos à custa da sua integridade física.

Saudações desportivas e até à próxima crónica. 

Nota final -  o autor da crónica disponibiliza a literatura referenciada a quem o solicitar.

Nuno Gil
Licenciado em ciências do desporto, pela FCDEF-UC
Mestre em treino do jovem atleta, pela FMH-UTL
Doutorando em ciências do desporto, na FCDEF-UC
Professor de educação física, na escola secundária Dr. Manuel Fernandes
Ex-treinador desportivo

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