(crónica de Nuno Gil)
Então de
acordo com o que escrevi em crónicas anteriores, se a vitória é secundária
devemos perder e não incentivar os nossos jovens atletas a vencerem os jogos
que disputam?
A resposta,
na minha opinião, é não. Pois tal como disse Novak citado por (Martens, 2002),
praticar desporto sem se esforçar para vencer é o mesmo que dizer que somos uns
competidores desonestos. O treinador deve isso sim, dentro das capacidades dos
seus atletas e de acordo com o nível maturacional destes, procurar
incentivá-los para que se esforcem ao máximo, dentro dos limites legais do
jogo, para conseguirem uma boa prestação desportiva, e se essa prestação
resultar em vitórias melhor, mas nunca ver a vitória na competição como o único
fator de sucesso.
O treinador
infanto-juvenil não deverá querer vencer a todo o custo, mas contudo deverá
incentivar o desejo e o gosto pelas vitórias (Pacheco, 2001). Lutar para vencer
é fundamental para que haja prazer e satisfação na competição (Martens,
Chirstiana, Harvey, & Sharkey, 2000) embora, como já foi referido, a
vitória não queira dizer ter feito mais pontos ou golos que a outra equipa,
muitas vezes a vitória pode significar
ter realizado por exemplo uma determinada ação técnico-táctica um determinado
número de vezes durante um jogo, ou simplesmente ter corrigido uma ação táctica-técnica
durante uma competição, conforme o treinado durante a semana.
Se como diz
Pacheco (2001) “quem joga mal, pode ganhar esporadicamente, mas a maior parte
das vezes, ganhará aquele que jogar melhor”, é possível afirmar que quem
ensinar bem terá uma equipa que à partida jogará bem e consequentemente, uma
equipa que estará mais perto de obter vitórias na competição.
Reforçando
a ideia que no desporto de jovens a vitória não é fundamental, Kemp (2000),
citando Scott (1976) refere que “o sucesso nas competições dos mais jovens não
significa sucesso no desporto. Ganhar nessa altura uma prova ou um jogo, só terá
algum valor na medida em que isso puder traduzir a qualidade das experiências
vividas pela criança durante o caminho que ele percorreu até atingir essa
vitória”, reforçando assim que a vitória só é vitória se for à custa de um
trabalho correto por parte de quem conduz esses jovens e não há custa de
sacrifícios excessivos destes e muito menos à custa da sua integridade física.
Saudações
desportivas e até à próxima crónica.
Nota final - o autor da crónica disponibiliza a literatura
referenciada a quem o solicitar.
Nuno Gil
Licenciado em ciências do desporto, pela FCDEF-UC
Mestre em treino do jovem atleta, pela FMH-UTL
Doutorando em ciências do desporto, na FCDEF-UC
Professor de educação física, na escola secundária Dr. Manuel Fernandes
Ex-treinador desportivo
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