(crónica de Sofia Loureiro)
As lesões fazem parte do dia a dia dos
atletas e praticantes regulares de atividades desportivas. Sendo as questões
físicas as principais associadas ao aparecimento das mesmas, é já bastante
reconhecida a importância de fatores psicológicos no surgimento de potenciais
lesões.
As situações de stress, quer as da vida
no seu todo, quer as que se encontram associadas a situações específicas da
modalidade praticada - preparação física, treinos e competições - são apontadas
como das principais predisponentes ao surgimento de lesões. Mas de igual forma,
temos que considerar algumas características de personalidade e estratégias de
resolução de problemas. O stress por si só não explica o surgimento das lesões,
mas a sua correlação com fatores do/a próprio/a atleta e alguns externos a si,
como o tipo de treinos e por exemplo o excesso de competições e/ou pouco
descanso.
No mesmo sentido e com a mesma
relevância estão os fatores psicológicos associados à recuperação de uma lesão.
Atletas que apresentam indicadores de baixa auto-estima, elevados níveis de
ansiedade, baixa resistência à frustração e pessimismo, apresentam mais
dificuldade em recuperar de lesões. Estas características levam a que
manifestem com mais intensidade emoções negativas como a raiva, o medo,
tristeza e o medo do insucesso após o regresso aos treinos. Estes aspetos
claramente que se cruzam e influenciam mutuamente, podendo naturalmente ter
impacto na motivação e principalmente na adesão ao plano de tratamentos, sendo provável
a existência de reflexos no tempo necessário para uma boa recuperação.
A ter em conta ainda como essencial são
os contextos sociais, referindo-nos essencialmente ao apoio familiar e
envolvimento de colegas e suporte de amigos, como base para o desenvolvimento
da auto-confiança, esperança e suporte em rede.
É de extrema relevância a consciência destes
e outros considerandos no sentido de promover uma melhor prevenção do
surgimento de lesões bem como no âmbito da recuperação das mesmas. De forma
mais detalhada numa próxima crónica, focalizarei sobre que estratégias poderão
ser tidas em conta para um percurso com menos possibilidades de lesões e/ou num
melhor tratamento das mesmas.
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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