Páginas

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

3 perguntas a... Nuno Pedro


1- O futebol nacional "está bom e recomenda-se" ou ainda temos um longo caminho a percorrer?

O futebol nacional, tal como os outros sectores de actividade do nosso país, está sujeito aos mesmos constrangimentos fruto das enormes dificuldades financeiras, perspectivando-se um futuro algo sombrio. Hoje, o edifício do futebol nacional assenta, sobretudo, na dedicação de muitos dirigentes anónimos, que dia após dia vão operando autênticos milagres na gestão dos seus clubes, de modo a assegurar a sua sobrevivência e assim proporcionar a prática desportiva a muitos milhares de jovens. E esse é um papel cada vez menos reconhecido, seja pelas instâncias governamentais, seja no próprio contexto social onde estão inseridos. Tal contribui para um cenário de desmotivação, levando muitos desses homens e mulheres a deixar o dirigismo.
 
Ao longo dos últimos anos têm sido operadas algumas reformas estruturais no futebol nacional, no sentido de garantir uma melhor operacionalidade das instituições que o regulam. Porém, muito há ainda para fazer. E é para isso que trabalhamos todos os dias, proporcionando aos clubes alguns mecanismos que não sobrecarreguem a sua já dura tarefa. Porque sem clubes, não há desporto, sendo esta uma verdade insofismável que muitos dos nossos responsáveis políticos ainda não se aperceberam ou não querem mesmo aperceber-se.
 
2- Ainda que há distância, como vê o desporto em Abrantes, em geral, e o futebol, em particular?
 
Penso que numa análise distanciada de qualquer interesse, Abrantes é um concelho que apresenta uma dinâmica desportiva assinalável. A diversidade de ofertas desportivas é uma realidade. Em termos de espaços desportivos de qualidade também está bem dotado e muitos são os técnicos credenciados ao serviço das colectividades.
 
Porém e felizmente que assim acontece, a autarquia é um motor fundamental no incremento da prática desportiva pelos clubes, na sequência do programa de apoio que tem vindo a implementar ao longo dos anos. Temo, com os actuais cortes nos orçamentos municipais, que num futuro próximo, esse apoio financeiro também seja afectado e muito daquilo que é o fenómeno desportivo no concelho sofra consequências negativas.
 
Em termos futebolísticos, o concelho de Abrantes, no seio do futebol distrital, é dos que apresenta um maior índice de clubes filiados na Associação de Futebol de Santarém e por consequência no número de praticantes federados, facto, por si só, revelador do bom trabalho que os clubes vão desenvolvendo.
 
Por outro lado, e em tempos lancei essa discussão, a especialização dos clubes por modalidades, poderia trazer grandes benefícios a todos os agentes desportivos do concelho. Contudo, esse é um passo de difícil concretização, pois ainda subsistem algumas mentalidades contrárias a esta "revolução".

3- Ter opinião e deixar isso gravado num livro, como é o caso, não é muito frequente. As suas opiniões já lhe trouxeram algum dissabor?

Felizmente que não. É natural que haja sempre alguma posição, consideração que não seja do agrado de alguns destinatários, mas isso é natural. A divergência de opiniões é sempre salutar e leva-nos muitas vezes a encontrar soluções ainda mais valorizadas. Mas, de um modo geral, penso que muitos dos meus artigos de opinião têm contribuído para despertar algumas consciências para realidades que muitas vezes lhes passam ao lado. E agora, com o lançamento do livro "Reflexos", um dos objectivos passa por divulgar essa informação de forma ainda mais abrangente.
 
Nota: Nuno Pedro é delegado da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e Vice-Presidente da Associação de Futebol de Santarém. Na passada quarta-feira lançou, em Abrantes, o livro "Reflexos".

Sem comentários:

Enviar um comentário