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terça-feira, 18 de abril de 2017

Remo, lesões mais frequentes e como as prevenir


(crónica de Tânia Santo)


A prática de remo é uma actividade desportiva aquática com muitos praticantes em Portugal. O remo praticado tanto individualmente como em equipa permite melhorar a coordenação e o desempenho físico.

No remo os remadores são colocados de costas para a proa, sentados em carrinhos deslizantes que permitem o movimento de flexão e extensão das ancas, joelhos e tornozelos, os pés são fixos numa pedaleira. O deslocamento do barco é obtido através da sequência de remadas. A remada inicia-se com a colocação do remo na água, necessita de movimentos de flexão/extensão dos punhos, aplicando-lhe de seguida o remador força com as pernas, tronco e membros superiores.

Este ciclo que caracteriza a remada é potencialmente lesivo, uma vez que implica elevadas cargas para o remador.

As causas mais comuns de lesão no remo são a sobrecarga nos vários níveis anatómicos, no decurso do complexo gesto cíclico de remada; e as alterações abruptas no nível, na frequência e na carga do treino, na técnica ou no tipo de barco utilizado.

A maioria das lesões de sobrecarga envolvem os punhos, antebraços, caixa torácica, joelhos e coluna lombar. Das quais se podem destacar:

Tenossinovite dos extensores com os seguintes sinais clínicos: dor, o inchaço e o ranger, a nível das bainhas desses tendões são as queixas mais imediatas e a impossibilidade de remar a consequência seguinte. Lesão mais frequente no início da prática da actividade e nas épocas mais frias.

Sinovite traumática do punho com queixa inicial de defesa ou de dor, costuma centrar-se na face dorsal do punho e aumenta com o movimento de extensão da mão. Normalmente associada a tenossinovite dos extendores.


Fractura de fadiga de costelas apresenta uma incidência de 10%. Normalmente a localização da fractura é na zona do terço médio/ posterior do arco costal. Surge com mais frequência durante os períodos de treino intensivo, no inverno ou na primavera, quando o remador despende grande actividade de trabalho sobretudo no ergómetro. Apresenta os seguintes sinais clínicos dor muito incomodativa na parede torácica, que agrava com a inspiração profunda, a tosse, a mudança de posição, mesmo na cama.

Lombalgia é a segunda lesão de sobrecarga que se apresenta no remador com mais frequência. A lombalgia de causa muscular, habitualmente surge na sequência da prática agressiva do levantamento de pesos para melhoria de desempenho dos músculos para-vertebrais e abdominais ou após períodos de treino excessivo no ergómetro. Apresenta normalmente os seguintes sintomas iniciais: rigidez da região lombar com limitação da flexão e da rotação, em associação a dor difusa transversal ou mesmo a pontada intensa. Quando se trata de uma lombalgia decorrente de lesão do último disco lombar, também frequente, pode associar-se irradiação da dor para as nádegas ou mesmo para as coxas. Pode provocar períodos de paragem.

Síndrome do tensor da fáscia lata caracteriza-se pelo aparecimento de desconforto e defesa e posteriormente por uma dor de instalação progressiva, na face externa e na sequência dos movimentos de flexão/extensão do joelho.

Como se tratam:

As raras lesões agudas, pela sua inerente gravidade e pela instantânea impotência funcional que provocam, necessitam de urgente tratamento médico especializado. No entanto um suporte adequado desde o início, até a uma oportuna orientação clínica, uma estabilização efectiva da área comprometida o melhor possível, independentemente de quaisquer outros procedimentos adicionais.

Algumas das lesões traumáticas agudas apenas necessitam de procedimentos PRICE (Protecção, Repouso, Ice-Gelo, Compressão e Elevação) mas outras requerem tratamento cirúrgico em regime de urgência.

Quanto às lesões de sobrecarga, estas devem ser sempre orientadas por profissionais de saúde. É de salientar a importância em reconhecer os primeiros sinais de modo a reduzir de imediato na intensidade, na duração e na frequência ou até mesmo na paragem da actividade de treino ou de regatas. Na sequência destes procedimentos, deverão ser revistas as normas e as técnicas de treino com o treinador e no caso dos jovens também pelos pais.

Como se podem prevenir:

Nas lesões agudas um programa regular de estiramento musculo-tendinoso para os membros inferiores e para a coluna vertebral, pode reduzir com significado situações de cãibra, contratura ou até de rotura muscular. Nas mãos, a infecção de calosidades, situação tão frequente, deve ser de permanente preocupação.

A prevenção das lesões de sobrecarga passa pela adaptação adequada do atleta a esta modalidade. Importante não só para conseguir um bom desempenho, mas também para prevenir as lesões mais frequentes.

Na mão e no punho, é importante manter estas áreas bem resguardadas do frio e humidade, através do uso de roupa de protecção para o efeito, especialmente na época fria, para prevenir as tenossinovites.

A nível do tórax na prevenção das fracturas de fadiga deve ter-se em especial atenção um cuidado programa de exercícios de alongamento da coluna torácica, bem como de exercícios respiratórios. O treino em ergómetro não deve ultrapassar os 30 minutos consecutivos, em especial nos jovens e adolescentes.

As lombalgias, na sua maioria, podem prevenir-se com recurso a um programa diário de alongamento para aquisição de flexibilidade. O treino muscular paravertebral e abdominal, monitorizado pelo treinador e/ou pelo preparador físico.

Sempre que surgirem sinais de alarme sinalizadores de uma eventual lesão, a suspensão imediata da actividade deverá ser a norma e a avaliação por um especialista a regra.

A prevenção destas lesões baseia-se num programa de treino adequado e no bom senso do atleta e do seu treinador, no desenvolvimento do mesmo. A pressão deste no sentido do treino excessivo deverá ser anulada. Um treino “inteligente” e uma preparação física adequada com objectivos de um melhor fortalecimento e desempenho musculares, da flexibilidade e da proprioceptividade deve ser tido em conta.

Fonte:
http://www.stoplesoesnodesporto.com/index.php?module=texts&smodule=list&id=455

Tânia Santo
Fisioterapeuta
Licenciada em Fisioterapia em 2005
Fisioterapeuta nos cuidados de saúde primários desde 2006
Contexto privado - fisioterapeuta na Clinipé

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