(crónica de Tânia Santo)
As entorses do tornozelo são,
possivelmente, a lesão mais comum das lesões músculoesqueléticas. Estima-se que
15-25% de todas as lesões músculo-esqueléticas sejam deste tipo.
Na sua esmagadora maioria são entorses
externas (cerca de 95%).
Habitualmente são lesões benignas e
resolvem sem sequelas, mas mesmo as lesões mais graves podem evoluir
favoravelmente, se sujeitas a uma abordagem terapêutica adequada.
Os ligamentos do tornozelo mantêm os ossos
e articulação na sua posição, protegendo a articulação do tornozelo contra
movimentos anormais, como as torções, rotações e rolamentos do pé.
Estes ligamentos são estruturas elásticas
que esticam até ao seu limite regressando à sua posição normal. Se um ligamento
for forçado para lá da sua normal capacidade, ocorre uma entorse que, em casos
graves, pode associar-se a uma rotura das fibras elásticas que o compõem.
Factores de Risco para as entorses
Descrevem-se como principais factores de
risco:
1.
alterações anatómicas predisponentes (como a diferença de comprimento dos
membros inferiores ou laxidez ligamentar),
2. a existência de antecedentes de entorses
de repetição e
3. todos os desportos que envolverem
movimentos de impulsão/salto e corrida.
Sintomas das entorses
Sintomas de alerta para uma entorse grave a
presença de dor imediata e lancinante, percepção de ruptura na face externa do
tornozelo acompanhada de estalido/ruído e o aparecimento rápido de hematoma
(nódoa negra) ou edema (inchaço).
Pode ocorrer dor nocturna, formação de
hematoma, instabilidade nos movimentos e a impossibilidade de suportar carga
sobre o tornozelo.
Diagnóstico das entorses
O diagnóstico é realizado com base nos
elementos clínicos. A radiografia permite excluir uma fractura associada. As
entorses podem ser classificadas em diversos graus. No Grau 1, o mais ligeiro,
ocorre apenas um estiramento ligeiro do ligamento, no grau 2 verifica-se rotura
parcial do ligamento e no grau 3 a rotura é total. Os sintomas serão tanto mais
acentuados quanto mais grave for a entorse.
A ocorrência de uma entorse no passado
incorrectamente tratada, aumenta o risco de novas entorses.
Quando as entorses ocorrem de forma repetida e a dor se mantém durante mais de 4 semanas a 6 meses, considera-se a entorse crónica. Estas lesões crónicas alteram a propriocepção e geram desequilíbrio e fraqueza muscular que aumentam o risco de novas lesões.
Quando as entorses ocorrem de forma repetida e a dor se mantém durante mais de 4 semanas a 6 meses, considera-se a entorse crónica. Estas lesões crónicas alteram a propriocepção e geram desequilíbrio e fraqueza muscular que aumentam o risco de novas lesões.
Tratamento das
entorses
A maioria dos doentes com entorses ligeiras
não solicita cuidados médicos. Os doentes com entorses graves, devido ao
inchaço, dor e impotência funcional, devem procurar ajuda médica.
Como a marcha pode ser dolorosa, o uso de
canadianas pode ser útil.
Os medicamentos anti-inflamatórios não
esteróides ajudam a controlar a dor e a inflamação.
Nas formas ligeiras, não é necessária
imobilização, bastando a realização de exercícios de força e flexibilidade.
Nestes casos, o repouso, a aplicação de gelo durante 10 minutos 3 a 5 vezes por
dia, o uso de uma ligadura e a elevação do tornozelo acima do nível do coração
durante os primeiros dois dias são medidas muito úteis.
Nas entorses de grau 2, as medidas
anteriores são importantes mas a imobilização associada à fisioterapia adquirem
maior relevância e, no grau 3, a cirurgia poderá ser necessária, embora alguns
casos possam ser tratados somente com uma imobilização adequada.
Na maioria dos casos, o processo de
cicatrização dura 4 semanas a 6 meses. A incorporação precoce de movimentos no
caso das lesões do tornozelo é importante para prevenir a rigidez.
Prevenção das
entorses
A melhor prevenção passa pela adequada
manutenção da força, flexibilidade, propriocepçao e equilíbrio da articulação do tornozelo.
No caso do desporto, é essencial um
correcto aquecimento e a definição de programas de treino específicos para cada
modalidade e utilizar calçado adequado. Este calçado deve ser substituído
quando o desgaste na sola é visível. A deformação do calçado acentua as nossas
tendências.
No caso da corrida, devem-se evitar superfícies
muito irregulares.
Sempre que ocorram sinais de fadiga, o
descanso é fundamental .
Exercícios possíveis
1- Saltar ao pé cozinho.
2- Apoio insípidas.
3- Treino em tábua de balanço.
4-Agachamentos em meias bolas.
American Academy of Orthopaedic Surgeons, 2007
Familydoctor.org, Dez. 2010
American Orthopaedic Foot & Ankle Society
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Tânia Santo
fisioterapeuta
ACeS Médio Tejo
Prática privada Clinipé
fisioterapeuta
ACeS Médio Tejo
Prática privada Clinipé
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