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domingo, 25 de março de 2018

Entorse do tornozelo - o que é? como tratar!


(crónica de Tânia Santo)

As entorses do tornozelo são, possivelmente, a lesão mais comum das lesões músculoesqueléticas. Estima-se que 15-25% de todas as lesões músculo-esqueléticas sejam deste tipo.

Na sua esmagadora maioria são entorses externas (cerca de 95%).

Habitualmente são lesões benignas e resolvem sem sequelas, mas mesmo as lesões mais graves podem evoluir favoravelmente, se sujeitas a uma abordagem terapêutica adequada.

Os ligamentos do tornozelo mantêm os ossos e articulação na sua posição, protegendo a articulação do tornozelo contra movimentos anormais, como as torções, rotações e rolamentos do pé.

Estes ligamentos são estruturas elásticas que esticam até ao seu limite regressando à sua posição normal. Se um ligamento for forçado para lá da sua normal capacidade, ocorre uma entorse que, em casos graves, pode associar-se a uma rotura das fibras elásticas que o compõem.

Factores de Risco para as entorses

Descrevem-se como principais factores de risco:

1. alterações anatómicas predisponentes (como a diferença de comprimento dos membros inferiores ou laxidez ligamentar),
2. a existência de antecedentes de entorses de repetição e
3. todos os desportos que envolverem movimentos de impulsão/salto e corrida.

Sintomas das entorses

Sintomas de alerta para uma entorse grave a presença de dor imediata e lancinante, percepção de ruptura na face externa do tornozelo acompanhada de estalido/ruído e o aparecimento rápido de hematoma (nódoa negra) ou edema (inchaço).

Pode ocorrer dor nocturna, formação de hematoma, instabilidade nos movimentos e a impossibilidade de suportar carga sobre o tornozelo.

Diagnóstico das entorses

O diagnóstico é realizado com base nos elementos clínicos. A radiografia permite excluir uma fractura associada. As entorses podem ser classificadas em diversos graus. No Grau 1, o mais ligeiro, ocorre apenas um estiramento ligeiro do ligamento, no grau 2 verifica-se rotura parcial do ligamento e no grau 3 a rotura é total. Os sintomas serão tanto mais acentuados quanto mais grave for a entorse.

A ocorrência de uma entorse no passado incorrectamente tratada, aumenta o risco de novas entorses.

Quando as entorses ocorrem de forma repetida e a dor se mantém durante mais de 4 semanas a 6 meses, considera-se a entorse crónica. Estas lesões crónicas alteram a propriocepção e geram desequilíbrio e fraqueza muscular que aumentam o risco de novas lesões.

Tratamento das entorses

A maioria dos doentes com entorses ligeiras não solicita cuidados médicos. Os doentes com entorses graves, devido ao inchaço, dor e impotência funcional, devem procurar ajuda médica.

Como a marcha pode ser dolorosa, o uso de canadianas pode ser útil.

Os medicamentos anti-inflamatórios não esteróides ajudam a controlar a dor e a inflamação.

Nas formas ligeiras, não é necessária imobilização, bastando a realização de exercícios de força e flexibilidade. Nestes casos, o repouso, a aplicação de gelo durante 10 minutos 3 a 5 vezes por dia, o uso de uma ligadura e a elevação do tornozelo acima do nível do coração durante os primeiros dois dias são medidas muito úteis.

Nas entorses de grau 2, as medidas anteriores são importantes mas a imobilização associada à fisioterapia adquirem maior relevância e, no grau 3, a cirurgia poderá ser necessária, embora alguns casos possam ser tratados somente com uma imobilização adequada.

Na maioria dos casos, o processo de cicatrização dura 4 semanas a 6 meses. A incorporação precoce de movimentos no caso das lesões do tornozelo é importante para prevenir a rigidez.

Prevenção das entorses

A melhor prevenção passa pela adequada manutenção da força, flexibilidade, propriocepçao e equilíbrio da articulação do tornozelo.

No caso do desporto, é essencial um correcto aquecimento e a definição de programas de treino específicos para cada modalidade e utilizar calçado adequado. Este calçado deve ser substituído quando o desgaste na sola é visível. A deformação do calçado acentua as nossas tendências.

No caso da corrida, devem-se evitar superfícies muito irregulares.

Sempre que ocorram sinais de fadiga, o descanso é fundamental .

Exercícios possíveis 

1- Saltar ao pé cozinho. 










           

2- Apoio insípidas. 
  


                








3- Treino em tábua de balanço.  







4-Agachamentos em meias bolas.
 






Fontes:


American Academy of Family Physicians Mayo Clinic, 2008  
American Academy of Orthopaedic Surgeons, 2007  
Familydoctor.org, Dez. 2010  
American Orthopaedic Foot & Ankle Society  
Pedro Saraiva, Reabilitação das instabilidades crónicas do tornozelo, Rev. Medicina Desp. in forma, 1 (6): 18-20, 2010,  Vítor Moreira e col., Entorses Do Tornozelo: do Diagnóstico ao Tratamento, Perspectiva Fisiátrica,Acta Med Port 2008; 21: 285-292  
American College of Foot and Ankle Surgeons, 2009  
The Regents of The University of California, 2012  
Thomas W. Kaminski e col., Factors Contributing to Chronic Ankle Instability: A Strength Perspective, J Athl Train. 2002 Oct-Dec; 37(4): 394–405  
Marc Reis e col., A Instabilidade Crónica da Articulação Tibio-Társica: Etiologia, Fisiopatologia e Métodos de Medição e Avaliação, Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desport, 6 (1): 6-16                       


Tânia Santo
fisioterapeuta
ACeS Médio Tejo
Prática privada Clinipé 

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