(crónica de Sofia Loureiro)
São muitos os desportos e
atividades radicais que captam cada vez mais adeptos/praticantes. Estes
desportos têm como principal referência o facto de na sua prática estarem
diretamente associados a aventura, o risco e, claro, um certo extremismo.
São desportos que respondem a quem
gosta e precisa de viver experiências desafiantes, emoções fortes, procurando
ultrapassar limites e superar-se a si em situações de risco.
Algumas destas pessoas mantêm uma
vida diária com rotinas mais ou menos entediantes, de reunião em reunião, atrás
de secretárias ou de ecrãs de computadores de última geração, horas e horas sem
conta, que se despem desse seu papel aos fins-de-semana e vestem um fato de
mergulho ou “abraçam” um paraquedas, libertando um lado destemido, aventureiro
e muitas vezes de desafio à própria vida.
Talvez também este crescente
interesse por estas práticas desportivas, se relacione com tudo o que
caracteriza o quotidiano da maioria da população do mundo ocidental. O tempo
que ninguém controla, as vezes sem conta que se reprimem emoções e se esquece
de suspirar ou gritar “chega”!
Na realidade, os desportos
radicais permitem libertar de forma mais intensa emoções como a frustração, o
stress e mesmo a raiva. Mas acima de tudo, quem pratica estes desportos fá-lo
pelo risco do que é extremo e que afasta e assusta muitos outros. Pela busca de um
prazer de superação. Um prazer centrado em si mesmo pela capacidade de desafiar
a vida, a sua própria vida.
Como aspetos psicológicos
interessantes de salientar, para além das motivações subjacentes às práticas
desta atividades, queria ainda salientar a forma como quem os pratica encara o medo.
Perguntaríamos se estas pessoas não sentem medo?! Seguramente que sim, mas um
dos principais desafios é esse! Controlar o medo e tirar prazer dessa superação
e de todos os obstáculos e riscos inerentes à situação. Por outro lado,
estes/as praticantes desenvolvem excelentes capacidades ao nível da perceção,
atenção e concentração, funções cognitivas essenciais à sua sobrevivência e à
sua segurança.
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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