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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Desportos radicais! Motivações e prazeres...


(crónica de Sofia Loureiro)


São muitos os desportos e atividades radicais que captam cada vez mais adeptos/praticantes. Estes desportos têm como principal referência o facto de na sua prática estarem diretamente associados a aventura, o risco e, claro, um certo extremismo.

São desportos que respondem a quem gosta e precisa de viver experiências desafiantes, emoções fortes, procurando ultrapassar limites e superar-se a si em situações de risco. 

Algumas destas pessoas mantêm uma vida diária com rotinas mais ou menos entediantes, de reunião em reunião, atrás de secretárias ou de ecrãs de computadores de última geração, horas e horas sem conta, que se despem desse seu papel aos fins-de-semana e vestem um fato de mergulho ou “abraçam” um paraquedas, libertando um lado destemido, aventureiro e muitas vezes de desafio à própria vida.

Talvez também este crescente interesse por estas práticas desportivas, se relacione com tudo o que caracteriza o quotidiano da maioria da população do mundo ocidental. O tempo que ninguém controla, as vezes sem conta que se reprimem emoções e se esquece de suspirar ou gritar “chega”!

Na realidade, os desportos radicais permitem libertar de forma mais intensa emoções como a frustração, o stress e mesmo a raiva. Mas acima de tudo, quem pratica estes desportos fá-lo pelo risco do que é extremo e que afasta e assusta muitos outros. Pela busca de um prazer de superação. Um prazer centrado em si mesmo pela capacidade de desafiar a vida, a sua própria vida.

Como aspetos psicológicos interessantes de salientar, para além das motivações subjacentes às práticas desta atividades, queria ainda salientar a forma como quem os pratica encara o medo. Perguntaríamos se estas pessoas não sentem medo?! Seguramente que sim, mas um dos principais desafios é esse! Controlar o medo e tirar prazer dessa superação e de todos os obstáculos e riscos inerentes à situação. Por outro lado, estes/as praticantes desenvolvem excelentes capacidades ao nível da perceção, atenção e concentração, funções cognitivas essenciais à sua sobrevivência e à sua segurança.

Porque o objetivo afinal é… voltar a fazer o mesmo noutro sítio, noutro momento com outros riscos e convém estar vivo para que tal possa acontecer! 

Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em  Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto 
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva

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