(crónica de Nuno Gil)
O exercício
de treino é a unidade mais pequena do processo de treino e fazendo uma analogia
aos seres vivos, podemos dizer que o exercício de treino é a célula do mesmo,
pelo que podemos considerar o exercício como o meio de treino mais importante
para a preparação dos atletas e equipas de forma a melhorar o seu rendimento
desportivo.
A seleção
criteriosa dos exercícios de treino parece constituir um instrumento eficaz do
treino (Bezerra, 2001; Ribeiro & Volossovitch, 2004) e a necessidade de uma
seleção rigorosa é premente para que os objectivos deste sejam atingidos
(Raposo, 2002).
Castelo
(2002a; 2002b) refere, mesmo, que o
treinador ao fazer uma desadequada utilização de um exercício de treino a
praticante, pode ser muito mais prejudicial do que a própria ausência regular
da prática desportiva.
O mesmo
autor (2002a; , 2002b) compara a atividade médica com a de um treinador e faz uma
analogia entre o medicamento e o exercício de treino, referindo que “…o medicamento receitado para um dado
individuo está para o médico, como o exercício de treino estipulado para o
praticante está para o treinador desportivo”.
De acordo
com Lopes da Silva (2003), sabe-se que a organização do exercício é a
concretização do processo de treino, constituindo o exercício os alicerces do
processo de treino que determina o aumento do rendimento do atleta e da sua
equipa.
Vieira
(1999), refere mesmo que não há treino sem exercícios, ideia reiterada por
Adelino et al.(1999), ao referirem que não há aprendizagem sem exercitação.
Assim, e
verificando que o exercício de treino e a sua prescrição são fundamentais para
o desenvolvimento desportivo dos praticantes, levanto algumas questões: Se a
automedicação é desaconselhada, porque não o é a auto-prescrição do exercício
físico? Se o medicamento tem de ser obrigatoriamente prescrito por um médico,
porque não existe a obrigatoriedade do exercício físico ter de o ser por
pessoas devidamente habilitadas? Porque quando um filho está doente ou tem de
ser operado, procuramos o melhor profissional possível, mas quando se refere à
atividade física e especialmente à atividade desportiva, entregamos os nossos
filhos a pessoas não habilitadas?
Saudações
desportivas e até à próxima crónica.
Nota final - o autor da crónica disponibiliza a literatura
referenciada a quem o solicitar.
Nuno Gil
Licenciado em ciências do desporto, pela FCDEF-UC
Mestre em treino do jovem atleta, pela FMH-UTL
Doutorando em ciências do desporto, na FCDEF-UC
Professor de educação física, na escola secundária Dr. Manuel Fernandes
Ex-treinador desportivo
Sem comentários:
Enviar um comentário