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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

As lesões mais frequentes no Basquetebol e o que fazer?


(crónica de Tânia Santo)

O basquetebol é um dos desportos mais praticados, cerca de 11% da população mundial joga basquetebol, números de acordo com a Federação Internacional de associações de Basquetebol (FIBA).

O basquetebol é um desporto tanto fisicamente como mentalmente exigente. Caracteriza-se por períodos intermitentes de alta intensidade num contexto de um evento de endurance, movimentos de corrida rápida com frequentes mudanças de direcção aceleração e desaceleração.

Tecnicamente este desporto é considerado um desporto de não contacto, no entanto as interacções físicas são frequentes entre jogadores das equipas opostas em que Cumps, Verhagen,  Meeusen (2007) e Caine (2010) chegam a considerar um desporto de semi-contacto. Segundo Caine num estudo sobre a causa das lesões no basquetebol o contacto entre jogadores chega a ser responsável por 52.3% das lesões relacionadas com os jogos masculinos e 46.0% nas jogadoras femininas.

Tipos de lesões

Lesões agudas (traumáticas) acidente com uma casualidade directa. Normalmente entorses (lesões ligamentares) são as mais comuns lesões agudas. Praticantes ao nível escolar sofrem cerca de 37.1% de entorses, sendo que os jogadores profissionais apenas 27.8%. Outras lesões comuns são os estiramentos e contusões musculares.

As lesões associadas a repetição dos movimentos resultam de recorrentes microtraumatismos, onde não existe um movimento definido como causador da lesão. Um atleta sofre uma lesão por repetição quando existe um desconforto que causa dor e/ou rigidez ao nível dos músculos e articulações, durante ou após um jogo (Junge, Engebretsen, Alonso, Renström, Mountjoy, Aubry, Dvorak, 2008). Estas lesões representam cerca de 12.8% a 37.7% das lesões sofridas sendo a mais comum nos jogadores de basquetebol a tendinites, em particular, a do tendão rotuliano (Caine, 2010). 

Localização das lesões mais frequentes

No basquetebol são necessários saltos repetitivos, corrida, mudança de direcção rápida, razões pelas quais os membros inferiores são mais afectados que os membros superiores no que se refere a lesões.

Assim sendo os membros inferiores sofrem cerca de 46.8% a 68.0% das lesões; enquanto a cabeça e o pescoço cerca de 5.8% a 23.7%; os membros superiores 5.6% a 23.2% e a coluna e anca sofrem cerca de 6.0% to 14.9% das lesões (Caine, 2010).

As lesões mais comuns nos membros inferiores são ao nível do joelho 12.0% e tornozelo 28.8% . 

Tornozelo 

A aplicação de gelo após uma entorse, assim como a aplicação de ligadura para realizar contensão/suporte articular é o mais recomendado. Após a lesão, esta deve ser contida através do uso de suporte elástico de tornozelo, preferencialmente a pé elástico, de acordo com a minha experiência. O tratamento de fisioterapia nestas lesões depende do grau da lesão, assim como o prognóstico de recuperação.


Joelho

Das lesões de joelho mais comuns destaca-se o Jumper's knee e as lesões do ligamento cruzado anterior (LCA).

Jumper’s Knee ou em português joelho de saltador afecta a porção proximal do tendão rotuliano e é responsável por cerca de 70% das lesões do tendão rotuliano. Esta condição pelo excesso de uso tem início lento e progressivo. Está associada a intensidade de treino, performance do salto e a dinâmica entre o joelho e o tornozelo. Esta condição afecta mais os jogadores com predomínio de jogo aéreo, mas todos podem estar sujeitos a esta lesão, que provoca dor, edema e diminuição da capacidade funcional do joelho. A aplicação local de gelo, e tratamentos de fisioterapia podem ajudar na recuperação e diminuir a recorrência desta lesão.

A lesão do LCA é uma lesão grave que pode limitar os jogadores por uma época. É descrita como uma lesão de não contacto em cerca de 65.2% das lesões dos homens e 80.1% das mulheres. Esta lesão requer frequentemente intervenção cirúrgica e recuperação com fisioterapia posteriormente. O treino proprioceptivo e o fortalecimento muscular podem ser opções para minimizar estas lesões.

Fontes:
 Cumps E, Verhagen E,  Meeusen R. Prospective epidemiological study of basketball injuries during one competitive season: Ankle sprains and overuse knee injuries J Sports Sci and Med 2007; 6: 204-211
Caine DJ, Harnmer PA,Shiff M. Epidemiology of injuries in Olympic sports. 2010. Blackwell Publishing Ltd
 Junge A, Engebretsen L, Alonso JM, Renström P, Mountjoy ML, Aubry M, Dvorak J. Injury surveillance in multi-sport events - the IOC approach. Br. J. Sports Med. published online 7 Apr 2008; doi:10.1136/bjsm.2008.046631

Tânia Santo
Fisioterapeuta
Fisioterapeuta nos cuidados de saúde primários desde 2006
Contexto privado fisioterapeuta na Climécis e Clinipé

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