(crónica de Nuno Gomes)
A China quer ser, no
futuro, uma das principais potências mundiais no futebol.
Para a obtenção desse objetivo,
em grande escala, contribui o trabalho dos treinadores portugueses que
trabalham diariamente nas diferentes academias.
Mas o processo também
inclui a introdução do ensino do futebol como disciplina no currículo escolar.
Neste momento faz parte
do nosso trabalho a integração gradual do futebol nas escolas chinesas, quer
através de ações de formação aos professores de Educação Física, ou do ensino
direto aos alunos dentro da escola, nas horas não letivas, um pouco à
semelhança das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) realizadas no
nosso país.
Neste ponto, também, nos
vamos apercebendo das diferenças, e semelhanças, entre o ensino da Educação
Física (E.F.) na China e em Portugal.
Um dos aspetos mais
salientes está relacionado com o número de alunos por turma, entre quarenta a
cinquenta… este número é facilmente explicável pela elevada população escolar.
As aulas de E.F. têm um
desenvolvimento quase militarizado, com a duração de 45 minutos e lecionadas 3
vezes por semana, têm início com uma apresentação do delegado de turma, que é
colocado diante dos colegas que formam colunas, vão dizendo o nome em voz alta
para o registo presencial. A parte inicial da aula é sempre composta por uma
corrida em forma de marcha que serve de aquecimento.
Outro aspeto peculiar
está relacionado com a metodologia existente nas aulas, principalmente no
ensino primário. As aulas poderão ser definidas em função do critério dos
alunos. Estes podem escolher a modalidade, ou jogos, e a partir daí o Professor
desenvolve a aula. Aqui, de ressalvar que o ensino primário tem a duração de 6
anos letivos.
Quase todas as escolas
possuem um campo de futebol de 11 e, em Shenzhen, as aulas são maioritariamente
desenvolvidas no espaço exterior. O facto de as aulas decorrerem num campo de
futebol de 11 com uma pista de “tartan”
não é sinónimo de mais espaço, ou condições para o desenvolvimento da aula. Não
é raro ver mais de duzentos alunos em simultâneo no mesmo campo a terem aulas
de E.F.. Os espaços tornam-se mais reduzidos e cada turma tem de cingir-se a
menos de 1/4 do espaço para realizar a sua aula. O que cria diversos problemas
aos professores principalmente no tempo de prática e aprendizagem individual
dos alunos.
O futebol na Escola…
A partir do próximo ano
letivo, 16/17, o Governo Chinês quer incluir a modalidade de futebol como
disciplina obrigatória nas escolas. É óbvio que isto será feito de forma
gradual…
Neste momento algumas
escolas já permitem o ensino do futebol na componente não letiva. Coordenados
por um professor de E.F., organizam equipas e realizam jogos contra outras
escolas, um pouco à semelhança do nosso desporto escolar. O mais saliente é que
durante os jogos são jogados na forma de 11x11 ou 9x9, utilizam–se todas as
regras oficiais: substituições com a autorização da equipa de arbitragem,
regras oficiais, equipamentos personalizados ou das grandes equipas da Europa…
Isto com o objetivo de aproximar o mais possível estes encontros de uma
competição de futebol oficial.
Como referi no início do
texto, faz parte do nosso trabalho dar formação aos professores e desenvolver o
futebol nas escolas. Não sendo o futebol o desporto mais popular na China,
neste momento há um entusiasmo crescente em redor deste desporto. As escolas
que ainda não possuem equipas orientadas por professores internos recorrem a
professores estrangeiros, neste momento na sua maioria Portugueses e Espanhóis,
para o ensino do futebol. Desta forma deslocamo-nos às escolas e num ambiente
escolar proporcionamos aos jovens chineses a aprendizagem deste emocionante
desporto.
Mas é para isso que aqui
estamos….
Todos os dias uma aprendizagem, uma aprendizagem diária.
Nuno Gomes
Licenciado em Ciências do Desporto - Motricidade Humana; pelo ISEIT-Piaget
Mestrando em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário; ISEIT-Piaget
Treinador de Futebol na Academia Winning League Luis Figo - China
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