(crónica de Carlos Bernardo)
Hoje faço uma viagem ao passado,
regresso ao ano de 2001 e faço uma viagem pelas minhas memórias. Uma viagem de
15 anos.
Um dos dias mais felizes da minha
vida foi o dia em que venci a Taça de Portugal, no escalão de Juvenis, na
modalidade de Futebol de Salão, pelo clube do meu coração, o Clube Desportivo
“Os Patos. Mas, mais importante que isso, uma taça que ganhei com os meus
amigos.
É por dias como este, que garanto a
certeza de que o Desporto é muito mais do que exercitar o corpo e competir com
alguém e, que ganhar algo numa modalidade desportiva, é muito mais do que
levantar uma taça.
É claro que ganhar uma competição a
nível nacional nos enche de orgulho e nos faz sentir especiais. E deixo sempre
esta questão para mim, ganhar por outro clube e com outras pessoas seria tão
especial? Muito sinceramente, não seria tão especial.
Recordo-me, como se fosse hoje, desse
dia. A final foi em Pombal, contra uma equipa do Porto. Na meia final jogámos
contra uma equipa de Almada. A meio disto, o presidente da federação disse-nos
que era impossível ganhar, as outras equipas eram muito fortes. No dia da
final, enchemos dois autocarros e mais uma boa dezena de carros para nos ir ver
jogar. Senti-me especial. Lembro-me perfeitamente, de antes do jogo, o meu pai,
que praticamente viu todos os meus jogos ao longo da minha vida, me dar
conselhos sobre o que fazer, coisa que nunca tinha feito anteriormente e que
nunca mais voltou a fazer. Acho que estava a viver um misto de ansiedade e
nervosismo. Senti que o momento era especial. O jogo começou. Durante o jogo
sinceramente não senti qualquer diferença para outro jogo, era um miúdo e tinha
um prazer imenso em jogar à bola. Quase que esqueci a final. Ganhámos, até com
mais facilidade do imaginámos. Assim que o jogo acabou, voltei ao modo, este é
um dia diferente, ganhar este jogo foi diferente. Recordo-me que quase todos
saltaram das bancadas para nos abraçar, olhavam para nós com um olhar de
agradecimento e abraçavam-nos com uma força tal, que até fiquei com sangue no
nariz. Senti-me muito especial. Recordo-me de ver o Carlos Gazil (Arlitos) a
chorar de felicidade, recordo-me de ver o Pedro Valamatos (o nosso treinador)
com um olhar diferente, recordo-me de não existir diferenças entre quem jogou
mais ou menos, quem marcou ou não marcou. Era (com imenso orgulho) o capitão
dessa equipa, recordo-me de levantar a taça, com uma extensão máxima que os meus
braços, ainda em crescimento, permitiram. Uma sensação difícil de descrever,
com a certeza de que foi muito boa. Recordo-me da viagem de regresso, sempre em
festa. Recordo-me de quando o nosso autocarro (onde iam jogadores) passava pelo
outro autocarro, parecia que estava num pedestal, a ser admirado. Recordo da
chegada à cidade de Abrantes, com vários carros à nossa espera, para nos
acompanharem até ao Rossio. Recordo-me de uma festa imensa na sede dos Patos.
Era um Domingo, no outro estava autorizado a faltar à escola. Era um dia
especial.
Passados 15 anos, recordo este dia
como um dos dias mais felizes da minha vida. Muito mais do que ganhar um taça,
foi ganhar uma taça com os meus amigos e pelo meu clube. Acredito que ganhar
uma Liga dos Campeões seja muito especial, mas duvido que alguém, tenha
levantado a taça da Liga dos Campeões com mais felicidade do que aquela que eu
senti quando levantei a Taça de Portugal de Futebol de Salão, pelo Clube
Desportivo “Os Patos” e ao lado dos meus amigos.
Carlos Bernardo
Nascido e criado em Abrantes, onde vive e nunca desejou ser de outro lugar. Apesar disso adora viajar. Mais do que uma foto de viagem, gosta de uma boa conversa. Criou o blog O Meu Escritório é lá Fora! em 2013. Foi nomeado para melhor Blog de Viagens Pessoal, no BTL Travel Blogger Awards, e considerado como um dos 10 melhores blogs de viagem nacionais.
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