(crónica de Célia Dias Lopes)
O envelhecimento da população
mundial e da população portuguesa em particular é hoje um dado adquirido,
facilmente verificável pelos resultados do último censo, que reflete o aumento
da longevidade da população.
O incremento da esperança de vida
encontra-se, habitualmente, associado à acessibilidade e à qualidade do serviço
de saúde, bem como a profundas implicações sociais, culturais, económicas e
individuais que favorecem o desenvolvimento do ciclo de vida.
Estamos perante um conjunto de
pontos de vista sobre a saúde que, embora atinjam o aumento da esperança média
de vida, estão sujeitos a um conjunto de fatores genéticos, biológicos,
comportamentais e ambientais que podem colocar o corpo humano suscetível a
acidentes e a doenças, entre as quais as cardiovasculares.
Segundo o Portal de Saúde, as
doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte na
população portuguesa, à semelhança do que acontece com outros países europeus.
Sabemos hoje que existem vários
fatores implicados no aparecimento das doenças cardiovasculares, como o excesso
de gorduras do sangue (dislipidemias), hipertensão arterial (tensão arterial
elevada), diabetes mellitus, obesidade e a alimentação. O tabaco e a falta de
uma prática regular de exercício físico, assim como o stress, são também
decisivos.
A atividade física regular tem um
papel essencial, fazendo parte de uma terapêutica multifacetada - que inclui a
cessação tabágica, controlo do peso, controlo da tensão arterial,
aconselhamento nutricional, tratamento da diabetes, hipertensão e dislipidémia.
A alimentação desempenha um papel
fundamental: como fator de risco quando desequilibrada e como fator de proteção
e prevenção quando adequada às necessidades de cada indivíduo.
Sabemos que existem regras
alimentares que desempenham um papel protetor das doenças cardiovasculares, assim
como se devem aconselhar após doença cardiovascular, como por exemplo:
- Alimentação equilibrada e muito
variada tendo em conta as recomendações da Roda dos Alimentos Portuguesa;
- Consumo adequado de alimentos
dos grupos dos legumes, hortaliças e frutos, devido à sua riqueza em fibras
alimentares, vitaminas (especialmente vitamina C, B e A) e minerais como o
selénio, que devido ao seu potencial antioxidante desempenham um papel
fundamental na prevenção da aterosclerose;
- Preferir peixe à carne. Mesmo
os peixes gordos. A riqueza em ácidos gordos polinsaturados da série ómega 3
tornam os peixes um alimento importante na proteção cardiovascular;
- Os frutos oleaginosos (nozes,
avelãs, amêndoa…) são também importantes, dada a sua riqueza em vitamina E, uma
vitamina de elevada capacidade antioxidante e ómega 3;
- Restringir o consumo de
calorias totais (adequar a energia consumida às necessidades reais e à
atividade física);
- Reduzir o consumo de gorduras
saturadas, colesterol veiculado pelos alimentos;
- Reduzir ou retirar da
alimentação bebidas alcoólicas, sal, café, açúcar e açucarados;
- Preferir preparados culinários
mais saudáveis como cozidos, cozidos a vapor, assados e grelhados.
- Evitar fritos e refugados;
- Fazer 5 ou 6 refeições diárias
distribuindo assim as calorias ingeridas de forma harmoniosa, tendo o cuidado
de comer calmamente mastigando e insalivando bem os alimentos;
- Adotar hábitos saudáveis como:
não fumar, ingerir uma boa quantidade de água por dia (1,5 a 2 litros), reduzir
a ansiedade e o stress, tentar viver de forma calma e despreocupada e praticar
exercício físico.
Benefícios do exercício físico
O exercício físico apresenta
inúmeros benefícios para quem tem doença cardiovascular:
- Melhoria da tolerância ao
esforço;
- Melhora a capacidade de
absorver e utilizar o oxigénio;
- Redução da frequência cardíaca
e da tensão arterial;
- Melhora a qualidade do sono;
- Pode reduzir os sintomas de
insuficiência cardíaca congestiva;
- Diminuição do excesso de peso/
obesidade abdominal, da dislipidémia e da intolerância à glicose;
- Ajuda a controlar o stress e
prevenir a depressão.
Segundo a American College of
Sports Medicine (ACSM), os doentes cardiovasculares que praticam exercício
físico regularmente referem, muitas vezes, sentirem mais autoconfiança e
bem-estar e, em contrapartida, menos ansiedade, depressão, stresse e isolamento
social.
Deve seguir sempre as indicações
do seu cardiologista em relação à periodicidade com que deve/pode fazer
exercício físico, a duração de cada treino e os tipos de atividade física que
deve preferir. É muito importante que o médico lhe explique, por exemplo, se
deve ajustar a sua medicação ou medir a frequência cardíaca antes/depois de
praticar exercício físico. Este aconselhamento é também essencial para que o
doente fique a par dos sinais de alarme que devem levar à interrupção da
atividade física ou que implicam recorrer a ajuda médica.
As atividades físicas mais
benéficas para os doentes cardiovasculares são o exercício aeróbio e o treino
de força. As atividades aeróbias melhoram a circulação, a respiração e ajudam a
reduzir os valores de tensão arterial e de colesterol. Exercício aeróbio:
exercícios que são recomendados são caminhada, ciclismo, natação, correr, etc.,
mas sempre em uma intensidade suave a moderada. O paciente deve sentir uma
sensação agradável ao realizá-lo, nunca a fadiga.
A American College of Sports
Medicine refere que os benefícios mais consistentes do exercício físico em
pessoas que têm doença cardiovascular parecem ocorrer quando a atividade física
é praticada pelo menos três vezes por semana ao longo de 12 ou mais semanas.
Célia Dias Lopes é dietista.
Licenciada em Dietética desde 1997 e pós-graduada em Saúde, Aconselhamento e Tendências de Consumo, ambos pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Sócio-gerente da empresa NutriCuida Consultoria e Nutrição, Lda.
É formadora e consultora na área da nutrição. Autora de inúmeras comunicações em congressos.
Autora do Livro " a e i o u da dieta saudável do doente em hemodiálise".
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.
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