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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Quando o calcanhar dói


(crónica de Sandra Pita)


As dores e lesões costumam ser os principais inimigos dos atletas. Por isso, saber como prevenir e tratar alguns problemas pode evitar que o atleta sofra com incómodos e, muitas vezes, seja obrigado a afastar-se durante meses dos treinos.

Uma das dores mais comuns com que nos chegam os atletas é com a dor no calcanhar.

A dor no calcanhar designa-se por Talalgia e a sua origem é tão variada que pode ser apenas devido a um motivo banal, como um exercício físico mais intenso, como à presença de um esporão do calcâneo, ou qualquer outra manifestação mais complexa.

Na maior parte dos casos, e em particular no caso dos atletas, está associada a alterações biomecânicas (anomalias na forma de posicionar o pé ao caminhar ou correr) do próprio indivíduo. Estas alterações podem provocar excesso de pressão no osso calcâneo ou nos tecidos moles em seu redor, resultando numa inflamação e, consequentemente, em dor.

Dada a condição específica de cada atleta, pode ainda resultar de um traumatismo ocorrido durante a corrida ou salto ou pelo mau calçado (muitas vezes não apropriado e desgastado).

Normalmente, os praticantes de desportos de constante impacto que sofrem deste tipo de dores apresentam uma patologia comum: o esporão calcâneo, que é uma proeminência óssea que se forma no osso do calcanhar ou na inserção do tendão de Aquiles. Este aparece normalmente por tracção excessiva ou microtraumatismo repetido da fáscia plantar, provocado na maioria dos casos por desequilíbrios biomecânicos. 


Esta alteração só é visível por Rx e normalmente a dor apenas se manifesta quando há inflamação da fáscia plantar (Fasceíte plantar), que é o tecido fibrinoso que envolve a planta do pé.


   
Existem ainda outras causas para esta dor, tais como:
  • Movimento pronatório excessivo do pé (queda do lado interno do pé para dentro).
  • Inflamação das bolsas serosas (bursite) do trajecto posterior do calcâneo.
  • Compressão nervosa (síndrome do canal társico)
  • Traumatismos ou fracturas de stress do calcâneo

Tratamento


Uma das partes mais importantes do tratamento é a avaliação da situação, para se compreender a origem da dor e então definir qual a melhor estratégia para colmatar o problema. Normalmente é necessária a realização de um Rx e de uma Ecografia das Partes Moles.

O tratamento inicial pode envolver recomendação de calçado apropriado, ligadura de compressão e anti-inflamatórios locais. Se se observar possível alteração biomecânica do pé ou da marcha, a aplicação de uma palmilha personalizada, adaptada à sua situação clínica, contribuirá para a resolução do problema.

Melhor é Prevenir!

A prevenção é sempre a melhor alternativa para evitar que apareça algum problema que cause dor ao atleta.

Para isso, deve sempre usar equipamentos apropriados e não correr insistindo caso sinta dores frequentes na região do calcanhar ou da planta do pé. Se dói, é porque há um problema e o melhor é avaliar o que se passa antes que faça uma lesão mais séria, o que implica mais tempo de paragem.

Nunca esquecer que o calçado com bom amortecimento e sem grande desgaste é fundamental e para a sua escolha o atleta deve sempre fazer o teste da pisada, para saber qual o que melhor se adapta a si.

Antes de iniciar o seu exercício, não se esqueça da importância dos exercícios de aquecimento e quando terminar, dos exercícios de alongamento, que vão decerto evitar complicações futuras.

Deixo uma sugestão: caso termine um treino e sinta muitas dores na região plantar e do calcanhar, pode tentar fazer movimentos de rolamento com uma garrafa de 33cl com gelo, conforme a figura. Faça 3 sessões de 10 min, descansando 5 min entre cada, várias vezes por dia. A dor aliviará e sentir-se-á muito melhor. Mas atenção: o problema está lá e existe, não o descure! 



Como atleta, não ignore os seus pés! Se nota alguma alteração, procure uma equipa multidisciplinar especializada que consiga mais do que avaliar a sua postura, avaliar quais as suas necessidades e adaptar, em conjunto consigo, o que necessita para se sentir cada vez melhor consigo próprio.
Sandra Pita.
Licenciada em Enfermagem há 12 anos, exercendo em cuidados de saúde primários.
Formação pós-graduada em Geriatria e Gerontologia. Formação em Podologia. Formação em Feridas. Formação em Laserterapia.
Contacto: Tlm. 962565899 Email: info.clinipe@gmail.com
Endereço Profissional: Clinipé - Av. das Forças Armadas - Edifício Sopadel, loja 4.
2200-300 Abrantes.

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