Páginas

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Violência e Desporto... mais que explicações precisa-se de mudança!


(crónica de Sofia Loureiro)

Quantas vezes nas últimas décadas de um mundo dominado pela comunicação global ao segundo, nos confrontamos com situações de violência em direto? Violência entre nações, violência nas casas de cada um, violência nas escolas? Todos os dias e a cada momento somos informados em cenas e relatos duros e desumanos. Muito recentemente fomos confrontados com situações graves de violência entre jovens, um dos quais com uma morte e com adeptos de um jogo de futebol e entre adeptos e elementos de uma força policial. Que explicações podemos encontrar para estes fenómenos? Será que estão relacionados? Como podemos entender que jovens agridam gratuitamente um/a seu colega? Que estudos e teorias cientificas podem justificar os acontecimentos no futebol português?

Certo que há mais de vinte anos que muitas áreas ligadas à sociologia, psicologia e mesmo criminologia procuram estudar a violência de adeptos de futebol. Interessante nestas alturas perceber que são muitos os discursos que muitas pessoas mantêm no seu dia a dia, que acabam por validar os comportamentos de destruição e de agressão que jovens e menos jovens, adotam nas suas casas, nas escolas, nos estádios e nas suas imediações.

Algumas teorias e estudos tentam explicar estes fenómenos, por exemplo concluindo que são as variáveis relacionadas com a aprendizagem as que maior influência têm na adoção de comportamentos delinquentes/criminosos ou como uma reação a situações de frustração. Podemos sempre refletir que haverá muitas outros fatores a contribuir para que tal suceda, uma vez que muitas pessoas sujeitas a meios ambientes desafiadores ou a frustrações várias não recorrem a condutas agressivas e delituosas como resposta.

O que sabemos sim, é que para além do sensacionalismo a que já nos habituámos dos meios de comunicação social (para além da sua função de informação) e que de alguma forma pode influenciar a forma como olhamos e “normalizamos” estas situações, o importante é parar, pensar, planear e agir para contribuir para uma mudança social a partir das camadas jovens (e suas famílias).

Não é preciso fazer nada de novo, nem inventar a roda, o importante é que a nível nacional e local se olhe para as muitas estratégias de intervenção comunitária que já existem e se integrem ações preventivas específicas e adequadas às realidades de cada caso. Envolver quem já está naturalmente a trabalhar em parceria (associações, clubes, escolas, orgãos de polícia criminal, cpcj’s, centros de saúde e outros muitos) e procurar a transversalidade das ações preventivas contra qualquer tipo de violência quer nas famílias, nas escolas e no desporto, mas em particular naquele onde mais se tem evidenciado – o futebol. Mais do que causalidades e explicações, é preciso agir e mudar.

Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em  Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto 
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva

Sem comentários:

Enviar um comentário