(crónica de Sofia Loureiro)
Quantas
vezes nas últimas décadas de um mundo dominado pela comunicação global ao
segundo, nos confrontamos com situações de violência em direto? Violência entre
nações, violência nas casas de cada um, violência nas escolas? Todos os dias e
a cada momento somos informados em cenas e relatos duros e desumanos. Muito
recentemente fomos confrontados com situações graves de violência entre jovens,
um dos quais com uma morte e com adeptos de um jogo de futebol e entre adeptos
e elementos de uma força policial. Que explicações podemos encontrar para estes
fenómenos? Será que estão relacionados? Como podemos entender que jovens
agridam gratuitamente um/a seu colega? Que estudos e teorias cientificas podem
justificar os acontecimentos no futebol português?
Certo
que há mais de vinte anos que muitas áreas ligadas à sociologia, psicologia e
mesmo criminologia procuram estudar a violência de adeptos de futebol. Interessante
nestas alturas perceber que são muitos os discursos que muitas pessoas mantêm
no seu dia a dia, que acabam por validar os comportamentos de destruição e de
agressão que jovens e menos jovens, adotam nas suas casas, nas escolas, nos
estádios e nas suas imediações.
Algumas
teorias e estudos tentam explicar estes fenómenos, por exemplo concluindo que são
as variáveis relacionadas com a aprendizagem as que maior influência têm na
adoção de comportamentos delinquentes/criminosos ou como uma reação a situações
de frustração. Podemos sempre refletir que haverá muitas outros fatores a
contribuir para que tal suceda, uma vez que muitas pessoas sujeitas a meios
ambientes desafiadores ou a frustrações várias não recorrem a condutas
agressivas e delituosas como resposta.
O
que sabemos sim, é que para além do sensacionalismo a que já nos habituámos dos
meios de comunicação social (para além da sua função de informação) e que de
alguma forma pode influenciar a forma como olhamos e “normalizamos” estas situações,
o importante é parar, pensar, planear e agir para contribuir para uma mudança
social a partir das camadas jovens (e suas famílias).
Não
é preciso fazer nada de novo, nem inventar a roda, o importante é que a nível
nacional e local se olhe para as muitas estratégias de intervenção comunitária
que já existem e se integrem ações preventivas específicas e adequadas às
realidades de cada caso. Envolver quem já está naturalmente a trabalhar em
parceria (associações, clubes, escolas, orgãos de polícia criminal, cpcj’s,
centros de saúde e outros muitos) e procurar a transversalidade das ações
preventivas contra qualquer tipo de violência quer nas famílias, nas escolas e
no desporto, mas em particular naquele onde mais se tem evidenciado – o
futebol. Mais do que causalidades e explicações, é preciso agir e mudar.
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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