(crónica de Célia Dias Lopes)
Porque vem aí o verão e começa a
loucura das dietas parem um pouco e leiam.
Sei o quanto pode ser difícil,
para quem está sempre de dieta, parar de procurar uma solução rápida, mesmo
quando a nossa consciência nos diz que as dietas restritivas apenas ajudam a
manter a perda de peso por pouco tempo. Ainda é incrivelmente tentador vestir o
fato de super-herói com o grande A de Autocontrolo no peito.
Sei que se revê possivelmente….
Já conseguiu domar a fome no passado, e perdeu 10 ou 15 Kg, depois entrou na
fase de manutenção. Mas como não aprendeu a comer, ou seja, não adquiriu novos
hábitos, voltou a comer de tudo e engordou 15 ou 20Kg.
Na cultura popular, a palavra
“dieta” é sinónimo de força de vontade e restrição, sendo estas duas as
inimigas do sucesso a longo prazo. Mas a palavra “dieta”, tecnicamente,
descreve os alimentos que uma pessoa come habitualmente.
Muitas das dietas de
emagrecimento passam por restringir a alimentação. No início limitar a comida
não é difícil, ignora-se sinais de fome. Mas, com o tempo, a pessoa começa a
ficar cansada e a procurar novas e menos dolorosas maneiras de obter os mesmos
resultados. Como estas tentativas não resultam a longo prazo, troca-se uma
dieta por outra mais promissora.
Importa criar o hábito de
alimentação saudável em quantidades razoáveis, parece-me a coisa mais fácil.
Ser saudável não é um destino é
uma viagem. Deve entender que, para que esta estratégia seja eficaz, deve ser a
longo prazo e comprometer-se a tornar-se uma pessoa saudável, independentemente
dos obstáculos. Desistir de si próprio nunca é uma opção.
“Quanto mais fácil for
o fazer, mais difícil será o mudar.”
Princípio de ENG
Formar hábitos
Como Roma e Pavia, os hábitos não
se constroem num dia. Dependendo do individuo, um dado hábito pode levar de
duas semanas a oito meses a desenvolver-se, mas, em média, um novo hábito
demora cerca de 2 meses a enraizar-se.
Um hábito é uma reação automática
a um sinal ou estímulo específico. As ações que se seguem a seguir ao sinal
ocorrem automaticamente, em vez de conscientemente.
Já que a repetição é a chave para
a formação do hábito, o reforço positivo é um ingrediente essencial na
construção de um estilo de saúde bem-sucedido.
“ Somos o que fazemos
repetidamente. A excelência é, portanto, não um ato, mas um hábito.”
Aristóteles
Outro fator importante na formação
de hábitos bem-sucedidos é escolher objetivos simples e específicos que possam
ser atingidos com um conjunto de ações, também elas simples. Por exemplo,
“comer mais legumes” é um objetivo menos útil do que “comer legumes verdes
todos os dias ao almoço e jantar”. Estes objetivos claros são eficazes, porque
não há espaço de manobra; ou completa a missão ou não.
Por exemplo, ir ao ginásio no
intervalo de almoço pode parecer uma excelente ideia para se tornar saudável,
mas se isso significar que não come o almoço, ou que tenha de comer algo menos
satisfatório ou que tenha que comer a correr, será um hábito difícil de
sustentar. Não tente fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e comece com tarefas
que sabe que vai conseguir desempenhar. Atacar dois ou três novos hábitos de
cada vez é um número razoável por onde começar. Mais que isso exigirá muita energia
mental e sabotará os seus esforços.
A estratégia mais eficaz é usar a
força de vontade para estabelecer rotinas, que acabam por se tornar
automáticas. Quando estes comportamentos se tornam habituais e já não exigem
esforço mental, e a força de vontade fica reservada para as decisões mais
criticas.
E lembre-se de que se a primeira
tentativa não resultar, não foi porque falhou - simplesmente ainda não foi
bem-sucedido.
Não deve ser só o corpo a mudar
com um estilo de alimentação saudável, a maneira como pensa e se sente em
relação à comida, deve ser fundamentalmente diferente.
O que determina a nossa saúde é a
súmula diária de coisas como a alimentação, o exercício, a água, o sono, o
trabalho e o stress. E se acha que ficar doente, ou ter uns quilos a mais é
castigo imposto por Deus ou é apenas a sua predisposição genética, engana-se! Quase
todas as doenças ou quilos a mais, resultam de hábitos que acumulamos ao longo
do tempo.
Sem saúde, é impossível
aproveitar de igual modo a última fase de uma vida longa. Poucos são os que
gostariam, de viver muito para acabarem acamados e a sofrer. Queremos viver
muito se tivermos saúde.
Se é assim, então a pergunta que
se coloca é esta: que estilo de vida devo cultivar para ter uma existência
longa e saudável?
Célia Dias Lopes é dietista.
Licenciada em Dietética desde 1997 e pós-graduada em Saúde, Aconselhamento e Tendências de Consumo, ambos pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Sócio-gerente da empresa NutriCuida Consultoria e Nutrição, Lda.
É formadora e consultora na área da nutrição. Autora de inúmeras comunicações em congressos.
Autora do Livro " a e i o u da dieta saudável do doente em hemodiálise".
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.
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