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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Saiba porque as dietas de emagrecimento não resultam


(crónica de Célia Dias Lopes)

Porque vem aí o verão e começa a loucura das dietas parem um pouco e leiam.

Sei o quanto pode ser difícil, para quem está sempre de dieta, parar de procurar uma solução rápida, mesmo quando a nossa consciência nos diz que as dietas restritivas apenas ajudam a manter a perda de peso por pouco tempo. Ainda é incrivelmente tentador vestir o fato de super-herói com o grande A de Autocontrolo no peito.

Sei que se revê possivelmente…. Já conseguiu domar a fome no passado, e perdeu 10 ou 15 Kg, depois entrou na fase de manutenção. Mas como não aprendeu a comer, ou seja, não adquiriu novos hábitos, voltou a comer de tudo e engordou 15 ou 20Kg.

Na cultura popular, a palavra “dieta” é sinónimo de força de vontade e restrição, sendo estas duas as inimigas do sucesso a longo prazo. Mas a palavra “dieta”, tecnicamente, descreve os alimentos que uma pessoa come habitualmente.

Muitas das dietas de emagrecimento passam por restringir a alimentação. No início limitar a comida não é difícil, ignora-se sinais de fome. Mas, com o tempo, a pessoa começa a ficar cansada e a procurar novas e menos dolorosas maneiras de obter os mesmos resultados. Como estas tentativas não resultam a longo prazo, troca-se uma dieta por outra mais promissora.

Importa criar o hábito de alimentação saudável em quantidades razoáveis, parece-me a coisa mais fácil.

Ser saudável não é um destino é uma viagem. Deve entender que, para que esta estratégia seja eficaz, deve ser a longo prazo e comprometer-se a tornar-se uma pessoa saudável, independentemente dos obstáculos. Desistir de si próprio nunca é uma opção.

“Quanto mais fácil for o fazer, mais difícil será o mudar.”
                                                               Princípio de ENG

Formar hábitos

Como Roma e Pavia, os hábitos não se constroem num dia. Dependendo do individuo, um dado hábito pode levar de duas semanas a oito meses a desenvolver-se, mas, em média, um novo hábito demora cerca de 2 meses a enraizar-se.

Um hábito é uma reação automática a um sinal ou estímulo específico. As ações que se seguem a seguir ao sinal ocorrem automaticamente, em vez de conscientemente.

Já que a repetição é a chave para a formação do hábito, o reforço positivo é um ingrediente essencial na construção de um estilo de saúde bem-sucedido.

“ Somos o que fazemos repetidamente. A excelência é, portanto, não um ato, mas um hábito.”
                                                                                                                        Aristóteles

Outro fator importante na formação de hábitos bem-sucedidos é escolher objetivos simples e específicos que possam ser atingidos com um conjunto de ações, também elas simples. Por exemplo, “comer mais legumes” é um objetivo menos útil do que “comer legumes verdes todos os dias ao almoço e jantar”. Estes objetivos claros são eficazes, porque não há espaço de manobra; ou completa a missão ou não.

Por exemplo, ir ao ginásio no intervalo de almoço pode parecer uma excelente ideia para se tornar saudável, mas se isso significar que não come o almoço, ou que tenha de comer algo menos satisfatório ou que tenha que comer a correr, será um hábito difícil de sustentar. Não tente fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e comece com tarefas que sabe que vai conseguir desempenhar. Atacar dois ou três novos hábitos de cada vez é um número razoável por onde começar. Mais que isso exigirá muita energia mental e sabotará os seus esforços.

A estratégia mais eficaz é usar a força de vontade para estabelecer rotinas, que acabam por se tornar automáticas. Quando estes comportamentos se tornam habituais e já não exigem esforço mental, e a força de vontade fica reservada para as decisões mais criticas.

E lembre-se de que se a primeira tentativa não resultar, não foi porque falhou - simplesmente ainda não foi bem-sucedido.

Não deve ser só o corpo a mudar com um estilo de alimentação saudável, a maneira como pensa e se sente em relação à comida, deve ser fundamentalmente diferente.

O que determina a nossa saúde é a súmula diária de coisas como a alimentação, o exercício, a água, o sono, o trabalho e o stress. E se acha que ficar doente, ou ter uns quilos a mais é castigo imposto por Deus ou é apenas a sua predisposição genética, engana-se! Quase todas as doenças ou quilos a mais, resultam de hábitos que acumulamos ao longo do tempo.

Sem saúde, é impossível aproveitar de igual modo a última fase de uma vida longa. Poucos são os que gostariam, de viver muito para acabarem acamados e a sofrer. Queremos viver muito se tivermos saúde.

Se é assim, então a pergunta que se coloca é esta: que estilo de vida devo cultivar para ter uma existência longa e saudável?

Célia Dias Lopes é dietista. 
Licenciada em Dietética desde 1997 e pós-graduada em Saúde, Aconselhamento e Tendências de Consumo, ambos pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Sócio-gerente da empresa NutriCuida Consultoria e Nutrição, Lda.
É formadora e consultora na área da nutrição. Autora de inúmeras comunicações em congressos.
Autora do Livro " a e i o u da dieta saudável do doente em hemodiálise".
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.

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