(crónica de Sofia Loureiro)
Tenho vindo a referir a importância de olharmos para a
prática do exercício físico não só pelo que de positivo tem para o corpo, para
o organismo, para a saúde, mas também e não menos importante para o bem estar
psicológico, para o prazer que nos proporciona, para a sensação de conquista
pessoal.
Vivemos diariamente sob pressão, sob stress,
condicionados por constrangimentos vários. As perturbações de ansiedade e
depressão têm vindo a tornar-se em uma das doenças psiquiátricas mais frequentes e
com consequências graves para a pessoa, para a família e para a sociedade.
Das principais caraterísticas das depressões e das
situações de stress extremos, passam para além dos naturais sentimentos de
tristeza e desânimo, são uma perda de "força" de viver, de energia,
de vitalidade. Crianças, jovens, adultos ou pessoas idosas, manifestam nestas
alturas, uma baixa capacidade de se ativarem para as rotinas mais essenciais
para o seu dia a dia. A sua confiança em si próprios, nos outros e no futuro
são muito baixas ou quase nulas e estes sintomas são ainda acompanhados de
culpa, de vergonha, irritabilidade, entre outros. Em termos físicos, coexistem
geralmente sinais a ter em conta como a falta de apetite, os distúrbios do sono
e a astenia.
O exercício físico para além de ser um excelente
componente no combate aos estados depressivos, funciona como um importante fator de prevenção. Não quer isto dizer que quem pratica desporto não possa
estar sujeito a deprimir ou a viver sob stress, mas sim que poderá ter mais
recursos para lidar com essa situação clínica.
Quando praticamos exercício físico de forma regular e
equilibrada, todo o corpo beneficia, combate-se a falta de forças, de
vitalidade e em termos endócrinos e neurológicos, são libertadas substâncias
que promovem sensações de bem estar,
tranquilidade e prazer.
Por outro lado e associado ao facto de se atingirem
com a prática de exercício físico/atividades desportivas, pequenas ou grandes
metas, superando etapas através do esforço próprio, consegue-se naturalmente um
crescendo da confiança em si, um aumento da autoestima.
Sabemos assim, que é aconselhável para quem se sente
triste, desanimado, sem confiança em si ou já mesmo com diagnóstico de
depressão, que seja motivado por clínicos, amigos ou familiares a praticar
exercício físico. Em cada caso a solução poderá ser diferente. E em casos mais
graves em termos clínicos terá sempre que haver um aconselhamento
médico/psicoterapêutico, mas seguramente que a atividade física será sempre
benéfica. Numa próxima crónica procurarei abordar de que forma se pode começar
e exemplificar com vários tipos de atividades/modalidades.
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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