Páginas

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Atividade física nas crianças! Quando e para quê!?


(crónica de Sofia Loureiro)

É já do conhecimento generalizado (e ainda bem!!!) que o envolvimento em atividade física/desportiva é um dos principais fatores promotores da saúde, do bem-estar e da qualidade vida. Mas dúvidas persistem em muitos pais, educadores e demais profissionais da infância e juventude: Quando começar esta atividade física? E começar com o quê? Quanto tempo por semana? E faz bem intelectual e emocionalmente? E para a personalidade da criança?

O cronista Nuno Gil, já aqui fez excelentes referências e orientações sobre que tipo(s) de atividade(s) desportiva(s) e em que idades devem ser estimuladas. Na realidade poderia acrescentar-se que a atividade física nunca é cedo para começar. Mas claro que antes dos 4-5 anos, nos referimos essencialmente a atividades relacionadas com a estimulação da psicomotricidade, do equilíbrio, da coordenação, da exploração e manuseamento de objetos e da espacialidade, sempre ligada ao afeto, às brincadeiras e a interações familiares.

Entre os 4 e os 6 anos as crianças podem (e devem) ter contacto com o exercício físico, mas sempre na ótica do lúdico, numa perspetiva prazenteira, como são as corridas do jogar à “apanhada” ou às “escondidas”, andar de bicicleta com família ou amigos, jogos de bola, brincadeiras de roda, jogar ao elástico, subir e descer, saltar e pular e tantas outras brincadeiras que pouco se vêm nas nossas ruas e nos pátios das nossas escolas.

Também não será descabido falar de adaptação ao meio aquático, ou se quiserem “aulas de natação”! E estas sessões podem ser iniciadas ainda antes do primeiro ano de vida. Claro que antes dos 2/3 anos, deve ser com acompanhamento da mãe ou do pai, reforçando os laços de afetividade, a confiança e a relação, para além das respetivas competências motoras do bebé.

Partilho da opinião do professor Nuno Gil, quando refere que até aos 8 – 9 anos de idade as crianças devem experimentar variadas atividades. Reforço esta diversidade no sentido em que se promove o desenvolvimento psicomotor e a sociabilização, mais do que com o objetivo de desenvolver técnicas e competências estruturadas e de competição. Só através desta multiplicidade se poderá caminhar para a descoberta individual no interesse por uma ou outra modalidade, eventualmente associada também a determinadas características/capacidades físicas, entretanto mais desenvolvidas.

É importante que os pais respeitem essa escolha individual e se possível que não pressionem para os resultados. Vários estudos têm reforçado que a maioria das crianças que se sentem pressionadas a praticar modalidades com as quais não sentem envolvimento ou prazer, abandonam essa atividade na adolescência, caindo no risco de se colocar em situação de maior isolamento e sedentarismo.

Será sempre importante conviver com bons exemplos e por isso é muito importante que pais, mães, irmãos mais velhos pratiquem eles próprios, uma qualquer atividade física. Praticar desporto em família e com amigos é divertido, mas há que respeitar os interesses, as habilidades e limites de cada pessoa. Não criticar! Não julgar! Aceitar e estimular para que cada criança descubra o seu próprio caminho!

Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em  Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto 
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva

Sem comentários:

Enviar um comentário