(crónica de Sofia Loureiro)
É já do
conhecimento generalizado (e ainda bem!!!) que o envolvimento em atividade
física/desportiva é um dos principais fatores promotores da saúde, do bem-estar
e da qualidade vida. Mas dúvidas persistem em muitos pais, educadores e demais
profissionais da infância e juventude: Quando começar esta atividade física? E
começar com o quê? Quanto tempo por semana? E faz bem intelectual e
emocionalmente? E para a personalidade da criança?
O cronista Nuno
Gil, já aqui fez excelentes referências e orientações sobre que tipo(s) de
atividade(s) desportiva(s) e em que idades devem ser estimuladas. Na realidade poderia
acrescentar-se que a atividade física nunca é cedo para começar. Mas claro que antes
dos 4-5 anos, nos referimos essencialmente a atividades relacionadas com a
estimulação da psicomotricidade, do equilíbrio, da coordenação, da exploração e
manuseamento de objetos e da espacialidade, sempre ligada ao afeto, às brincadeiras e a interações familiares.
Entre os 4 e os
6 anos as crianças podem (e devem) ter contacto com o exercício físico, mas
sempre na ótica do lúdico, numa perspetiva prazenteira, como são as corridas do
jogar à “apanhada” ou às “escondidas”, andar de bicicleta com família ou
amigos, jogos de bola, brincadeiras de roda, jogar ao elástico, subir e descer,
saltar e pular e tantas outras brincadeiras que pouco se vêm nas nossas ruas e
nos pátios das nossas escolas.
Também não será
descabido falar de adaptação ao meio aquático, ou se quiserem “aulas de
natação”! E estas sessões podem ser iniciadas ainda antes do primeiro ano de
vida. Claro que antes dos 2/3 anos, deve ser com acompanhamento da mãe ou do
pai, reforçando os laços de afetividade, a confiança e a relação, para além das
respetivas competências motoras do bebé.
Partilho da
opinião do professor Nuno Gil, quando refere que até aos 8 – 9 anos de idade as
crianças devem experimentar variadas atividades. Reforço esta diversidade no
sentido em que se promove o desenvolvimento psicomotor e a sociabilização, mais
do que com o objetivo de desenvolver técnicas e competências estruturadas e de
competição. Só através desta multiplicidade se poderá caminhar para a descoberta
individual no interesse por uma ou outra modalidade, eventualmente associada
também a determinadas características/capacidades físicas, entretanto mais
desenvolvidas.
É importante que os pais respeitem essa escolha individual e se possível
que não pressionem para os resultados. Vários estudos têm reforçado que a
maioria das crianças que se sentem pressionadas a praticar modalidades com as
quais não sentem envolvimento ou prazer, abandonam essa atividade na
adolescência, caindo no risco de se colocar em situação de maior isolamento e
sedentarismo.
Será sempre importante conviver com bons exemplos e por isso é muito
importante que pais, mães, irmãos mais velhos pratiquem eles próprios, uma
qualquer atividade física. Praticar desporto em família e com amigos é
divertido, mas há que respeitar os interesses, as habilidades e limites de cada
pessoa. Não criticar! Não julgar! Aceitar e estimular para que cada criança
descubra o seu próprio caminho!
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
Sem comentários:
Enviar um comentário